
A ceia natalina é um dos jantares mais tradicionais no mundo, celebrado em família e com todos ao redor da mesa. Mas por trás dos brindes e confraternizações na véspera e dia seguinte, há milhares de trabalhadores que precisam abrir mão do seu Natal para ganhar o pão de cada dia.
O Farol de Notícias nesta quinta-feira (25) traz a história de Elizângela Maria da Silva, de 47 anos, que passa a véspera entregando ceias e montando mesas postas para famílias de Serra Talhada. Cozinheira já mais de 20 anos, a renda ajuda o marido Lucivânio Silva a cuidar dos dois filhos adolescentes, realizar sonhos reformar sua casa no bairro Bom Jesus.
A nossa reportagem foi muito bem recebida na casa de Elizângela, com o capricho e o cuidado de quem senta à mesa com a família para dividir uma boa refeição. A serra-talhadense natural do distrito de Água Branca é filha de Cícera Maria da Silva e José Pedro da Silva, conhecido como Zé Caboclo. Eram agricultores e se mudaram para cidade com os três filhos pequenos.
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Nesta conversa especial recheada de bolo de rolo e cafezinho quente passado na hora, relembrou o início da sua carreira e revelou muitas das suas conquistas com suor, amor e memórias afetivas com a comida.
“A primeira memória que eu tenho da cozinha é meu pai me pedindo para eu fazer um bolo. Não lembro com quem eu aprendi, mas lembro dele me pedindo para fazer. E lá na nossa casa, antigamente, tinha um fogão daqueles com abas do lado, o forno e outro compartimento embaixo. Lá ele guardava os peixes que ele pescava e a carne, não tínhamos geladeira na época. E eu fiz esse bolo, botei para assar e depois só sentimos o cheiro de peixe e da carne assando”, relembrou a cozinheira em meio a risadas.
A mais velha dos três filhos sempre ficou responsável por ajudar em casa nos afazeres e a cozinha sempre fez parte de sua vida. Mas já adolescente passou por dois momentos dolorosos que mudaram o rumo da vida pacata. Perdeu seu pai assassinado e sua mãe sofreu um acidente que precisou de tratamentos em Recife, e Elizângela assumiu os cuidados e passou a trabalhar para ajudar a família.
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Foi chamada para trabalhar na cozinha da casa de famílias, principalmente no período das festas. Ela lembra até do primeiro prato que cozinhou, uma feijoada, mas ainda começando na profissão, esqueceu-se de fazer o arroz de acompanhamento. De lá para cá foram 10 anos na capital pernambucana, fez curso no Senac e se especializou.
“Para quem trabalha com eventos a época que mais tem encomendas é São João, Natal e Ano Novo. Este ano eu estou restringindo um pouco, mas ainda assim tenho encomendas até dia 10 de janeiro com confraternizações. Já tivemos ano que trabalhamos até 2 horas da manhã, entregando ceias, montando mesa posta. Hoje em dia eu tento não pegar tanta coisa. Mas esse ano ainda temos algumas ceias, e as pessoas pediram mais o tradicional, um chester, uma lasanha, massas”, revelou a cozinheira.
2 comentários em A história da cozinheira que dedica seu Natal a alimentar famílias em ST