Da ISTOÉ
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
A CPI da Covid no Senado antecipou para esta quinta-feira (1º) o depoimento de Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, que contou em entrevista à Folha nesta semana ter ouvido do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias um pedido de propina no valor de US$ 1 por dose de vacina negociada pela empresa com a pasta.
A Davati procurou o Ministério da Saúde com a proposta de negociar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca contra a Covid-19. A cobrança de propina para fechar contrato com a pasta teria acontecido no dia 25 de fevereiro, em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, na capital federal.
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Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). Ele foi exonerado nesta terça-feira (30), sem justificar o motivo de sua demissão, mas alegando que a decisão havia sido tomada pela manhã, antes da denúncia veiculada pela Folha, no início da noite.
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A CPI ouviria nesta quinta o empresário Francisco Emerson Maximiniano, sócio-administrador da empresa Precisa Medicamentos, mas o depoimento foi adiado e ainda não tem nova data para ocorrer.
A Precisa negociava com o governo Bolsonaro o fornecimento de vacinas Covaxin, da farmacêutica indiana Bharat Biotech, mas uma irregularidade no contrato acendeu um alerta no Ministério da Saúde para um possível esquema de corrupção.
O caso veio à tona pelo servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, que apontou a irregularidade. Junto com seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), o caso foi levado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que teria citado o nome de Ricardo Barros como envolvido no esquema.
Na última sexta-feira (25), os irmãos Miranda foram à CPI da Covid no Senado e o deputado confirmou que o líder do governo foi citado pelo presidente durante essa conversa. Os dois teriam saído da reunião com Bolsonaro com a promessa de que a denúncia seria investigada, mas Bolsonaro não pediu investigação sobre o caso.
Na terça, foi revelado pela revista Crusoé que Luis Miranda também teria recebido uma oferta de propina para facilitar a compra das vacinas Covaxin de um lobista, que teria oferecido a ele 6 centavos de dólar para cada dose comprada pelo Ministério da Saúde. O deputado Ricardo Barros teria participado da conversa.