“Devemos alcançar a paz pela força”, diz Zelensky no 3º ano em guerra - Imagem: jorono/Pixabay
Imagem: jorono/Pixabay

Com informações do Agência Brasil

Nesta segunda-feira (24), durante um evento que marcou o terceiro ano da invasão russa da Ucrânia, o presidente Volodymyr Zelensky defendeu que a paz só pode ser alcançada por meio da força e com a participação ativa da Ucrânia e dos países europeus nas negociações. O discurso ocorreu em uma reunião com líderes europeus, incluindo o presidente espanhol, Pedro Sánchez, e o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau.

Receba as manchetes do Farol de Notícias em primeira mão pelo WhatsApp (clique aqui)

“Putin não nos dará essa paz, ele não a dará em troca de algo. Devemos alcançar a paz por meio da força, sabedoria e unidade – por meio da nossa cooperação com vocês”, afirmou Zelensky, reforçando a necessidade de uma abordagem conjunta entre a Ucrânia e a Europa para enfrentar a Rússia. A declaração do presidente ucraniano surge após o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter iniciado negociações diretas com Vladimir Putin, excluindo os europeus do processo.

“A guerra continua contra a Ucrânia e, portanto, a Ucrânia deve estar na mesa de negociações. Junto com a Europa. O alvo estratégico da Rússia é a Europa, o modo de vida europeu e, portanto, a segurança e o destino da Europa não podem ser determinados sem a Europa. Ucrânia, Europa, juntamente com a América – devemos estar na mesa de negociações em frente à Rússia”, destacou Zelensky.

Questionado por jornalistas no domingo (23) se deixaria o cargo em troca da paz, Zelensky respondeu que só renunciaria se a Ucrânia fosse admitida na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A intenção de ingressar na aliança militar foi uma das justificativas usadas pela Rússia para invadir o país. Em seu discurso, o presidente ucraniano reiterou a importância da adesão à Otan: “[A Ucrânia merece] garantias de segurança fornecidas pela Otan. E se a adesão da Ucrânia e do nosso povo à OTAN continuar fechada, você e eu não teremos outra escolha a não ser construir a Otan na Ucrânia, isto é, fornecer tal financiamento, tais contingentes e tal produção de defesa que signifique paz garantida”. Ele também destacou que o país já possui 28 acordos bilaterais de segurança com parceiros internacionais.

Reviravolta no conflito

Ao completar três anos, a guerra na Ucrânia vive uma reviravolta marcada pela mudança na postura dos Estados Unidos. A nova estratégia de Washington, que exclui a Europa das negociações de paz e atende a demandas de Moscou, tem isolado o governo ucraniano e alterado o cenário geopolítico.

Os principais fatos de Serra Talhada e região no Farol de Notícias pelo Instagram (clique aqui)

Para o especialista em Europa e ex-senador italiano José Luís Del Roio, a mudança na posição dos EUA reflete uma reestruturação do capitalismo norte-americano, impulsionada pela perda de competitividade da economia estadunidense, especialmente em relação à Ásia, com destaque para a China. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Europa, aliada de primeira ordem dos EUA, recebe recursos do Tesouro americano por meio da Otan. Agora, Washington argumenta que os europeus devem financiar sua própria segurança.

“Se a alternativa é boa ou ruim, para os EUA e para o mundo, vamos ver. O que está em jogo é a reestruturação do capitalismo norte-americano a partir do seu interior. Esse terremoto interno nos EUA atinge profundamente a Europa. Agora, ela está órfã”, avaliou Del Roio.