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Por Folha de Pernambuco
O Estado-Maior Central (EMC), maior dissidência da guerrilha das Farc, anunciou, nesta sexta-feira (22), a suspensão das ações ofensivas após dois atentados com carros-bomba às vésperas da instalação de uma mesa de negociações de paz, em outubro.
“Ordenamos a todas as frentes, colunas e companhias pertencentes às Farc-EP suspender as ações operações em todo o território nacional contra a força pública (…) a partir do dia de hoje, 22 de setembro, até o dia 8 de outubro , quando se pretende iniciar a vigência do decreto de cessar-fogo” e a mesa de diálogos com o governo de Gustavo Petro, informou a dissidência por meio de nota.
As dissidências das Farc se afastaram em 2016 do histórico acordo de paz que desarmou o grosso daquela que foi a guerrilha mais poderosa das Américas.
Às vésperas de iniciar novos diálogos com o governo, elas deram uma demonstração de força no sudoeste do país, ao detonar dois carros-bomba contra postos da polícia em três dias.
Em pedaços
“Reconhecemos como erro a imprecisão nesta ação militar, na qual dois civis morreram e cinco ficaram feridos”, admitiu o EMC, referindo-se ao atentado no povoado de Timba, no departamento (estado) de Cauca.
O carro ficou destruído e se espalhou em centenas de pedaços incinerados ao longo da via, constatou um jornalista da AFP.
Foi “um carro que violou a segurança que os policiais colocam” e explodiu em seguida, contou à AFP Irner Piedrahita, trabalhador independente, cuja casa fica perto do local.
Sua mãe e sua irmã ficaram feridas. “É uma das faces da violência (…) Não há palavras para descrever isto”, acrescentou.
“Continuamos afetando as economias ilegais e a ocorrência são atos de violência. Não vamos ceder. A Força Pública deve dominar militarmente o território e, como governo, chegaremos de forma integral a estas populações”, assegurou o presidente por meio da rede social X, antigo Twitter.
O ministro da Defesa, Iván Velásquez, respondeu para Jamundí juntamente com o comandante das Forças Armadas para celebrar um conselho de segurança.
Unidade de comando?
A mesa de negociações entre a EMC e o governo será instalada em Tibú (leste), na fronteira com a Venezuela, com vista a desarmar mais de 3.500 combatentes. Nesse mesmo dia, entrará em vigor uma trégua de dez meses.
“Não achamos que haja uma unidade de critérios porque em outras áreas, a intensidade do conflito diverge”, afirmou o chefe da pasta em entrevista à rádio Caracol.
Segundo o ministro, na região do sudoeste “concentra-se 75% do financiamento das EMC”. Ali, semeia seus narcocultivos no país que é o maior produtor de cocaína do mundo.
“Tivemos que avançamos metrô a metrô, ocupamos trincheiras, em alguns locais houve combates corpo a corpo, onde os soldados terminam a operação com granadas de mão. É evidente que o EMC tenta reagir, distrair, atacar em outros locais para que nós paremos esta operação que não vamos parar”, afirmou Velásquez.
O governo aposta em mudar mais de meio século de conflito interno através do diálogo com todas as organizações ilegais.
Além das negociações com o EMC, os delegados de Petro mantêm diálogos com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), o mais antigo das Américas.
O longo conflito deixou mais de nove milhões de vítimas em confrontos entre traficantes, insurgentes, paramilitares e agentes do Estado.