Prezados companheiros e  companheiras de profissão:

Nós, enquanto profissionais da mídia serra-talhadense, precisamos fazer uma reflexão profunda sobre o que aconteceu nesta terça-feira (27), quando, pela segunda vez, um estúdio de rádio foi invadido por um pré-candidato a vereador ligado a Sebastião Oliveira. Na primeira vez, eu estava presente quando um outro pré-candidato a vereador invadiu, sem ser convidado, para impor sua voz aos ouvintes.

Nesta terça-feira, apesar do âncora do programa ter insistindo exaustivamente que o invasor seria convidado num outro momento para prestar esclarecimentos, prevaleceu o “direito de invasão” e de falar na hora em que ele necessitava. O curioso é que o invasor passou a ser tratado como herói por algumas pessoas depois do fato. O que, na verdade, é uma distorção. Ele foi o algoz da liberdade de expressão.

A situação de Serra Talhada é deplorável quanto à comunicação. Emissoras de rádios e TVs estão nas mãos de políticos e isso acaba garantindo a transmissão somente do que interessa a eles. Será que iremos perder até mesmo a liberdade de fazermos as nossas pautas? De conduzirmos uma entrevista sem o patrulhamento de meia dúzia de esquizofrênicos, que exigem que sejamos azul ou encarnado? Será que já não basta a censura imoral do Governo do Estado que vem monitorando cada fala através de serviços de rádio-escuta na cidade?

O episódio que aconteceu nesta terça-feira marcou o início do que podemos chamar de “trancafiamento” da comunicação em Serra Talhada. Rádios terão que funcionar na base do cadeado, para impedir que a esquizofrenia política vença a liberdade de expressão. Somando isso às invasões de sites e blogs e a intimidação via “recadinhos” é  um sinal de que a luz amarela acendeu sobre nós, da imprensa. A tendência de acirramento da campanha não é responsabilidade nossa. Ao contrário do que declarou o invasor desta terça-feira.

Responsabilidade nossa é ter o discernimento de que fazer parte de uma estrutura de comunicação não quer dizer ter que ficar de “joelhos” e aceitar a mordaça do político-patrão. O que será que virá após isto? Um tapa na cara ao vivo? Uma rajada de balas para saciar a sede de algum candidato maníaco? Que se dane os picos de audiência! É preciso lutarmos mesmo pela liberdade de comunicar. Ela é real e paupável. Não quero ficar esperando que a próxima invasão me renda dividendos. Pensem nisso. Pratiquem isso.

Que DEUS abençoe a todos!