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O Farol inicia uma série de entrevistas com alguns atores da política serra-talhadense, com o objetivo de contribuir para o debate eleitoral de 2016. Nosso primeiro convidado é o radialista Marquinhos Dantas, pré-candidato a prefeito de Serra Talhada pelo Solidariedade (SD). Nesta primeira parte da conversa (20 minutos de entrevista), Dantas ratifica suas ideias e avalia um ‘ajuntamento’ que surgiu na Capital do Xaxado. As fotos são de Alejandro Garcia. Confira!

FAROL: Marquinhos Dantas, seja bem-vindo è redação do Farol. Vamos começar indo diretamente ao ponto, começar na política. Gostaríamos de saber a sua posição hoje em relação à oposição, ao G11. Estamos notando que você se afastou um pouco das discussões, da mídia, mas é também uma estratégia temporária de Marquinhos Dantas ou você não quer conversa com o pessoal do G11?

MARQUINHOS DANTAS: Giovanni, na verdade eu nunca participei do G11. Eu fui convidado para uma reunião e eu não participei, não fui. Queria deixar claro que a minha posição, o meu discurso de oposição continua, eu sempre digo que sou oposição, mas sou uma opção. Não faço oposição só por oposição, para derrubar, não. Eu vejo que oposição é você sugerir, é se opor a algo que você não concorda e aí você sugere outra alternativa. Então, o que eu tenho visto é que a oposição em Serra Talhada realmente precisa ter um discurso só. Mas eu preciso ter uma preocupação com a questão de ajuntamento ou união, porque se se ajunta para leiloar os cargos da prefeitura ou de um futuro governo, para mim isso não é oposição. Para mim isso aí é coisa de grupinhos, é coisa de pessoas que não estão pensando no futuro de Serra Talhada, e sim em si mesmos.

FAROL: Nesse caso, podemos enveredar rapidamente na questão do PR, estamos avaliando que o PR está sendo sondado pelo pessoal do governo. Luciano Duque está tentando uma aproximação com Sebastião Oliveira e a gente não pode deixar de debater a questão dos cargos. Você acredita nessa união? Como é que você vê essa possível união de Sebastião e Luciano em 2016?

MARQUINHOS DANTAS: Eu fico aqui imaginando, como é que vão arrumar tanto cargo para tanta gente? Porque se já tem um grupão no poder, aí vem outro grupão para participar, imagina onde é que vão colocar essas pessoas. Mas infelizmente essa é a prática, o camarada diz que vai apoiar, mas já negocia um cargo. O camarada diz que vai apoiar com alguma coisa financeira e já negocia também secretarias. Infelizmente é assim que funciona, mas eu tenho visto o povo muito antenado, muito informado. As mídias estão ajudando isso, as pessoas estão ficando muito bem informadas de como isso acontece. E eu tenho certeza que a partir de 2016 a população vai dar um troco, vai dar um recado e vai mostrar aos políticos que estão sabendo o que realmente está acontecendo.

FAROL: Uma parceria entre Sebastião e Duque em 2016 beneficiaria Marquinhos Dantas ou atrapalharia?

MARQUINHOS DANTAS: Eu acho que em relação à minha candidatura independe de grupo A ou grupo B, se eles vão estar juntos, se vão lançar candidatura própria. A minha pré-candidatura independe desses grupos, a minha candidatura não é uma que eu tenho colocado na rua em troca de ser chamado para algum cargo, em troca de algum apoio para as minhas empresas. A gente trabalha, a gente tem o nosso sustento, a gente tem a nossa forma de viver, mas a gente envereda pela política pensando em fazer alguma coisa diferente para Serra Talhada e realizar o sonho de ser prefeito dessa terra. Agora, eu tenho visto que em relação a essa pergunta é que pode haver, é quase que certa essa união.

Até porque a seis meses de uma eleição e você só vê o nome do prefeito na rua, os outros grupos não têm um nome ainda, eu digo o nome de um grupo. O nosso nome vem de uma candidatura independente há um bom tempo, e eu quero deixar isso bem claro. A minha pré-candidatura não depende de grupo A, de grupo B ou de grupo C, não. Não estou brincando de ser candidato. Outro dia uma pessoa disse assim: ‘você não está lançando o nome porque quer uma vice?’ e eu respondi: ‘não, uma vice eu já tenho em casa’. Eu quero ser prefeito, é um sonho que eu tenho e eu vou até o final com a minha pré-candidatura até 2016. E a população, quem estiver apostando vá se preparando, se apostar que eu sou candidato vai ganhar a aposta e se apostar que eu não sou vai perder.

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FAROL Dantas, você é um dos poucos que vêm deixando já firme esse nome com o anúncio de pré-candidatura, enquanto a gente vê lideranças como Dr. Nena, Socorro Brito, Carlos Evandro ainda muito a reboque de uma decisão do PR. A própria Socorro falou em entrevista de rádio nesta quarta-feira (22), que Sebastião é o líder e mesmo ele rachando a gente vai tomar uma posição. Isso é fruto da própria falta de sintonia dentro do grupo? O que é que está faltando para eles arrumarem o discurso de fato?

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MARQUINHOS DANTAS: Eu acho que é justamente o que eu falei no início, existe um ajuntamento, mas não existe uma comunhão de ideias de discussão sobre Serra Talhada, não. Eu ouvi, certa vez, um político de Serra Talhada falando que estar na política conforme a conveniência, ou seja, está dizendo que onde é conveniente ele entra, se achar que não, sai. Então, o meu discurso continua o mesmo antes de G11, depois de G11, antes de qualquer outro pré-candidato ter se lançado aí na rua, o meu discurso continua o mesmo. Sou pré-candidato a prefeito, sou oposição porque me oponho à maneira, a forma como o prefeito tem governado, se escondendo da população, não ouvindo a população.

Então, eu tenho dito que sou oposição ao governo e sou uma opção. A minha candidatura não tem o intuito de derrubar por derrubar, não. Eu tenho que reconhecer o que a prefeitura fez, o que o governo fez, mas eu tenho que dizer que a forma como está sendo feito não é a forma que o povo está querendo. Eu ando nas periferias todos os dias e eu escuto do povo isso. Para o ano o prefeito vai chegar a minha porta e ele vai ter uma grande surpresa, porque se ele virou as costas durante esses três anos não adianta chegar o último ano tentando abraças, tentando sorrir. Se sentando com as crianças para fazer uma média, apelar, porque o povo está bem esperto, bem inteligente e vai saber diferenciar o porque das coisas.

FAROL: Você falou com bastante convicção que Sebastião e Duque vão se unir em 2016. Por quê?

MARQUINHOS DANTAS: Eu acho que sim, até porque barateia uma campanha. O camarada às vezes está sem saber uma definição, há vários nomes aí no grupo de Sebastião, há inclusive uma briga interna entre os que pretendem ser candidatos. Eu acho que até para Sebastião barateava a campanha, se alia a Duque e indica o vice dele. Aí ficava uma campanha tranquila, o governador chega e apoia e eu estou pronto para enfrentar Duque, Sebastião, como o candidato do grupão, enfim, o que surgir, G11, G12, G13. Eu estou pronto para enfrentar porque isso é um sonho, quando a gente tem um sonho a gente acredita que um dia vai chegar e vamos colocar em prática as nossas ideias, o que a gente pensa. Para mostrar a população que é muito fácil, é só não gastar o que você não tem, não levar para casa o que não é seu e não querer pagar àquelas pessoas que na campanha bancaram a eleição.

Esse é o grande problema, você vê aí, o próprio prefeito admitiu que está pagando dívidas antigas, porque foi esse o compromisso. Eu quero que Serra Talhada entenda que é preciso ter um prefeito que tenha compromisso com o povo e não com grupos, com empresários que agem muitas vezes como agiotas. ‘Eu vou lhe dar isso aqui para a sua campanha, mas se lembre de mim quando você ganhar’ e aí essa devolução do dinheiro é com juros e correção, e sai do nosso bolso.

FAROL: Então, tocando ainda nesse assunto, seria o principal motivo de uma união o fator econômico. Na união entre Duque e Sebastião alguém iria se beneficiar economicamente. Mas politicamente?

MARQUINHOS DANTAS: Politicamente, eu acho que por conta dessa indefinição. O grupo dele não tem um nome, um dia dizem que é Sebastião, outro dia dizem que é Fonseca, no outro dia dizem que é Nena, depois dizem que é Socorro Brito. Eles não têm um nome, não estão conseguindo conversar entre eles e com essa celeuma toda é melhor arrumar alguma coisa para todos esses aí lá junto com o prefeito e com o governador e fica todo mundo quieto. Lança um candidato só e aí eu vou enfrentar esse candidato.

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FAROL: Como Marquinhos Dantas está se preparando para se lançar candidato a prefeito, fora da linha dessas oposições?

MARQUINHOS DANTAS: Principalmente ouvindo o povo. É uma coisa interessante, eu estou de terça a sexta-feira nas periferias ouvindo o povo. Eu tenho um trabalho silencioso e até fora um pouco da mídia, mas estrategicamente esse trabalho. A gente pensou em fazer isso e teve um retorno, um resultado interessante. Você vê nosso nome aparecendo na pesquisa com aquele percentual e você para pra pensar: ‘esse camarada não tem um vereador, não tem um apoio deum deputado forte aqui da região’ e de repente aparecer com essa pontuação. A pontuação nossa foi excelente, ao meu ver. Porque é um nome que não tem grupo por trás dele, não tem apoio forte por trás dele. Mas aí é sempre o resultado de um trabalho que vem sendo feito.

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Quando eu fui candidato a vereador, eu tive quase 600 votos; eu sou candidato a deputado e tiro agora 7 mil e tantos votos. Então, eu acho que o nosso nome vem crescendo e o povo está começando a ver que a nossa história é uma só, o nosso histórico é um só. A gente não muda conforme as nuvens como os políticos costumam dizer, política é como a nuvem, de repente você olha e está de um jeito, depois está de outro. Não, me discurso é um só, quem me conhece sabe que eu sempre fui a mesma coisa. Quem me conhece sabe que eu tive que abrir mão desse projeto de ser candidato a prefeito em 2012, porque meu partido foi tomado e eu não tinha outra alternativa. Para não ficar de fora do processo eleitoral, indiquei minha esposa para a vice em uma conjuntura que foi toda formada nas últimas horas.

Na verdade, foi um momento que não era uma coisa programada, mas o meu projeto como fui candidato em 2008, seria em 2012 e agora serei em 2016 candidato a prefeito. E eu tenho certeza, o povo está abrindo os olhos, está entendendo. E inclusive Giovanni, o povo está entendendo que quem dá as coisas na época da campanha, ou fora da época de campanha, isso é uma obrigação de cada um dar. A prefeitura tem obrigação de dar cesta básica, tem obrigação de ajudar os mais carentes, mas o povo está entendendo que vai receber de todo mundo e vai votar em quem quiser. Não vai atrelar isso ao seu voto, e aí ele fica livre da corrupção, porque corrupção para mim é você atrelar o que você recebe ao voto, vender o seu voto. Receba, mas vote em quem quiser, tenha liberdade para votar.

FAROL: Uma das marcas do seu discurso é que você vai ser um candidato coerente, o candidato da coerência, é isso?

MARQUINHOS DANTAS: Esses dias um pré-candidato a vereador do nosso partido me perguntou o seguinte: ‘Marquinhos, a gente vai ter um apoio financeiro na campanha?’ e eu disse: ‘claro, o partido vai dar todo o apoio necessário para você fazer sua campanha’. E ele perguntou depois: ‘mas vai sair uma ‘laminha’ por fora para a gente fazer aquele trabalho?’ e eu expliquei que de maneira nenhuma e que se eu soubesse denunciaria o candidato. Mas que como candidato a vereador meu ele teria opções, existem outros grupos que vão fazer isso, eu acredito. Porém, eu acredito que podem ficar à vontade, mas com a gente não. Os candidatos a vereador nossos já vem sabendo com é que a gente vai trabalhar. Já vem sabendo que a nossa linha é essa e sempre será.

FAROL: Marquinhos, você está preparado para chegar no porta a porta em 2016 e diante a algumas críticas que venham a receber, porque em 2012 você fez campanha para Luciano e agora? Como é que fica esse discurso da coerência, não fica fragilizado?

MARQUINHOS DANTAS: Fica, infelizmente a gente chega nos bairros e as pessoas dizem: ‘mas você esteve aqui pedindo votos para Luciano’, essa quebra a gente já conseguiu fazer nessa campanha de deputado. Eu chegava e as pessoas me perguntavam se o prefeito me apoia e eu dizia: ‘não, o prefeito já tem o deputado dele’, não está me apoiando. Então, graças a campanha de 2014 eu consegui tirar um pouco, mostrar ao povo que a gente não tem mais essa ligação com o prefeito Luciano Duque, eu foi uma coisa de momento. A cidade de Serra Talhada acompanhou como isso aconteceu, eu ganhei uma pesquisa para ser o vice com 51%, meu partido foi tomado quando eu seria candidato a prefeito ou vice naquele momento, porque a eleição já estava polarizada. Então, houve aquele assunto que todo mundo viu e essas perguntas vão surgir, mas de uma maneira menor, não como em 2014.

Em 2014 a gente chegava e as pessoas perguntavam, porque você há dois anos esteve aqui e inclusive faziam cobranças e tudo. E eu dizia: ‘olhe, a gente tentou, a gente quis governar junto com ele, a gente deu ideias, a gente iniciou o orçamento participativo. Mas infelizmente, a forma do prefeito trabalhar é muito diferente do que a gente pensa, do que a gente sonha, do que a gente acreditou’. Até a Bíblia diz, não dá para existir comunhão quando entre os dois não há um acordo, quando os dois não falam a mesma língua, então a gente se separou.

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FAROL: Em uma possível conjuntura: Duque e Sebastião juntos de um lado, Nena, Socorro Brito e Carlos Evandro em outra ponta, Marquinhos Dantas abre um espaço para o diálogo com essas três lideranças, mas sem abrir mão da cabeça de chapa? Como fica essa questão?

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MARQUINHOS DANTAS: Eu sempre disse que qualquer pesquisa tem que ser respeitada, pesquisa séria a gente tem que respeitar, eu sempre vou me nortear pela pesquisa e eu acho que a pesquisa é a opinião do povo. O que é que o povo está dizendo, o que é que o povo está pensando. Todo mundo que quiser conversar comigo tem que saber que eu sou um pré-candidato a prefeito, não venha conversar comigo para tentar me convidar para uma vice. Eu tenho pesquisa, eu sei o que o povo está dizendo, eu escuto as pessoas dizendo: ‘Não desista’. Inclusive, você sabe que a aliança com algumas pessoas, com alguns políticos também diminui o nosso nome em relação à avaliação do povo: ‘olhe, se você se juntar com fulano eu não fico com você. Se você for sozinho a gente está junto, mas se juntar com sicrano a gente já não está mais com você’. Então, são famílias que pedem isso e que estão acreditando na nossa pré-candidatura.

Como eu disse no início, a minha pré-candidatura, eu não posso dizer que é oficial porque isso é só depois da convenção, mas é prego batido, ponta virada. Eu vou até o final, sou pré-candidato, tenho um projeto, estamos fazendo um plano de governo que será mostrado durante a campanha e vamos mostrar a população de Serra Talhada que dá para governar com o povo e fazer de uma vez por todas o governo mais popular da história de Serra Talhada. Esse é o nosso pensamento.

FAROL: Em relação ainda a oposição, você tem frisado nas últimas colocações na imprensa bastante falhas da gestão de Luciano Duque. Mas você está percebendo também falhas no discurso da oposição?

MARQUINHOS DANTAS: Na oposição é que eles não têm um discurso pronto. Uma oposição tem que dizer que é oposição e o porquê. Por exemplo, eu tenho tranquilidade para dizer, que fui com o prefeito na época na Secretaria de Transportes quando era Isaltino e o prefeito disse: ‘Eu posso não fazer nada em Serra Talhada no meu governo, mas o anel viário eu faço. É prioridade’. Então,  você não vê mais o anel viário, ninguém fala mais nisso. O distrito industrial, têm um monte de jovens desempregados e você não vê mais ninguém falar nisso. São um monte de promessas, o hospital municipal, a escola municipal para do Ipsep. Então, têm um monte de coisas que ele prometeu e que nós quando estávamos lá no primeiro ano, em 2013, a gente ouvia as pessoas e levava até ele. A resposta era: ‘Eu vou ver, eu estou vendo, quem sabe aí…’, como se o povo esquecesse disso.

Então, eu sou oposição a forma que o prefeito governa, porque ele fez um monte de promessas, promessas que talvez ele soubesse que não poderia cumprir e agora ele não fala mais nesse assunto. Não adianta, o povo vai se lembrar em 2016 quando ele chegar nas portas. Hoje eu conversei com uma senhora que disse: ‘Eu vou deixar ele entrar, ele vai sentar no meu sofá e eu vou refrescar a memória dele assim que ele entrar na minha casa. Vou receber ele com alegria, e vou dizer a ele o que ele me promete e o que ele realmente não fez’. E coisa para a coletividade, não estou falando só de empregos, porque emprego qualquer candidato vem e promete mesmo sabendo que não tem como, todo mundo sabe que a prefeitura já vive inchada. Eu estou falando de coisas que resolveriam a situação da coletividade, da comunidade que também foram prometidas e ele também esqueceu.

O meu discurso tem sido esse, agora a oposição, como você bem perguntou, esse grupos que eu vejo aí o G11 e tudo, os próprios integrantes do grupo não sabem o que estão falando. Já tem gente do grupo G11 torcendo para a união com Luciano, e já tem gente contra a união. A própria Socorro Brito disse que apoiar Duque seria vender a alma ao diabo. Então, assim eles não estão falando a mesma língua, porque se existe o nome grupo, tem que ter o mesmo pensamento, a mesma linha de discurso e essa linha não existe. Infelizmente estão se batendo, estão batendo boca e eu fico com o mesmo discurso que eu tenho tendo desde o começo. Eu nunca fui do G11, nunca me aliei a ninguém. Eu ouvi todos eles, ouvi a situação de todos eles, mas sempre deixei claro, sou pré-candidato a prefeito. Não estou como candidato por brincadeira, não estou brincando de fazer política. Quero ser prefeito, sei onde quero chegar e vou chegar com fé em Deus.