Fotos: Alejandro García

Cansadas de esperar por uma ação da Companhia de Habitação de Pernambuco (Cehab), famílias de trabalhadores sem-tetos ocuparam nove casas construídas no bairro do Mutirão, em Serra Talhada, que estavam prontas há mais de um ano. A promessa do governo do Estado era de entregar 45 residências no mês passado e de concluir as obras de urbanização do bairro. As obras continuam paradas e os trabalhadores, que foram cadastrados no programa desde 2009, resolveram tomar uma atitude de pressão junto à Cehab.

“Eu quero que o governo olhe para as pessoas mais carentes e isto não está acontecendo. Vivo morando de aluguel e já recebi aviso de despejo. Tenho oito filhos e não posso esperar. Estas casas eram para ser entregues no mês passado e nada aconteceu. Estou ocupando o que é meu”, disse a dona de casa Maria das Graças da Silva, 32 anos, que sobrevive da renda mensal de R$ 230 do programa Bolsa-Família.

A ocupação aconteceu às 3 horas manhã desta sexta-feira (26) numa operação silenciosa e sem tumultos. Através deste ato, as famílias pretendem pressionar o governo na construção das 36 casas restantes. Segundo a presidente da Associação dos Moradores do Mutirão, Regina Gualberto, o ato é fruto do desespero dos moradores.

“Não incentivei esta ocupação, mas não posso ficar contra. Eles (os sem-tetos) estão inscritos no programa e até entregaram cópias dos documentos. Como segurar estas pessoas que passam por dificuldades diante das casas prontas?”, declarou Regina, afirmando que antes da ocupação tentou dialogar com a Cehab. “O povo do Mutirão continua sofrendo e sem respostas do governo”.

Histórico

As obras de urbanização do bairro do Mutirão está orçado em mais de R$ 6 milhões com recursos oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), e prevê além da construção de casas, calçamento e saneamento de ruas e até construção de praça. A obra foi utilizada como moeda eleitoral no ano passado e recebeu até mesmo a visita do então secretário estadual das Cidades, Nilton Mota. Ele conversou com os moradores e prometeu entregar toda a obra até o mês passado. Hoje, a construtora responsável pelo canteiro de obras parou as atividades por falta de pagamento do Estado.