Publicado às 14h25 desta sexta, 30

Fotos cedidas gentilmente pela família

Serra Talhada deu adeus, no último fim de semana, à professora Maria do Socorro de Souza, de 87 anos, vítima 134 da Covid-19 na Capital do Xaxado. Ela era moradora do bairro Bom Jesus e dedicou boa parte de sua vida, durante 25 anos, à educação de crianças e adolescentes na cidade. Mesmo tendo tomado a primeira dose da vacina AstraZeneca contra o novo coronavírus, dona Socorro acabou entrando no quantitativo de quatro óbitos registrados no último fim de semana no Hospital Eduardo Campos [relembre aqui]. A segunda dose dela estava marcada para ser aplicada esta semana, na terça-feira (27).

“Ela testou positivo no dia 1º de abril”, contou o neto Bruno Eduardo de Souza Barros, 30 anos, detalhando: “No mesmo dia ela foi ao seu médico, foi medicada e fez os primeiros tratamentos em casa. Só no dia 11 ela ficou com a saturação baixa e cansada, deu entrada no Hospital de Retaguarda dia 11 e no mesmo dia foi transferida para o Eduardo Campos, com dois dias depois, foi intubada e seu quadro ficou estável, porém no sábado, dia 28, teve instabilidades e veio a óbito”.

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UMA HISTÓRIA DE LUTA DEDICADA À EDUCAÇÃO

A docente observa os alunos em frente à escola de paredes de taipa que ela mesma – junto com os moradores – ajudou a construir na zona rural de Serra Talhada

Bruno Eduardo fala com saudade de como a sua avó tinha amor pela educação. “Minha avó foi professora na região de Água Branca, no Sítio Sossego, por quase 30 anos. Casada com Luiz Furtado. Naquela comunidade ela, junto com os moradores, construíram uma escola de taipa para dar aulas, isso no final dos anos 1980. Se chama Escola Municipal Padre Cícero. Ela doou o terreno onde foi construído a escola e onde também fez a doação das telhas e madeira. A mão de obra foi por conta dos pais dos alunos e algumas pessoas da comunidade”, contou, cheio de orgulho e saudade, o neto de dona Socorro. Pelas mãos e orientação rígida da docente, passaram dezenas de estudantes das fazendas Gavião, Barros, Caldeirão, Sítio Lagoa, Cabana e Umbuzeiro.

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“Foram 10 anos na escola Artur Pereira Lima na Fazendo Gavião e 15 na Escola Padre Cícero (que ela ajudou a fundar) no Sítio Sossego. Como pessoa, minha avó foi uma batalhadora, guerreira. Era esposa de agricultor e em suas horas fora de sala de aula trabalhava na roça com o esposo, lutou para colocar os filhos para estudar na rua. Iniciou como professora leiga e só aos 57 anos conseguiu fazer um curso chamado logos II e depois o magistério. Como vó, ela era muito especial, só para ter uma ideia dos seus 7 netos é madrinha de batismo de quatro, inclusive eu. Era muito responsável e educadora, carinhosa, amiga e acolhedora”, frisou Bruno.

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Nossos pêsames à família, amigos, alunos e ex-alunos de dona Maria do Socorro!