Antes mesmo de começar, o Festival da Juventude, que será realizado em Serra Talhada nos próximos dias  5, 6 e 7 de maio, vem gerando polêmicas. Uma delas foi confirmada pelo próprio idealizador do evento, o deputado Sebastião Oliveira (PR). Numa entrevista a uma rádio da cidade, ele chegou a confessar que a programação desta quinta edição do festival está desprovida de conteúdo intelectual para a juventude.  
 
 
“Reconheço que falta conteúdo intelectual e espaço com outras atividades para a juventude. Mas estamos apenas no quinto ano, e a fase ainda é de ajustes”, confessou o deputado, ao ser questionado sobre a ausência de outros serviços como oficinas culturais e ambientes de discussão sobre temas de interesse dos jovens.
 
Outro ponto polêmico discutido na entrevista foi a instalação de um local vip dentro da área de shows. O plano inicial era abrir um espaço à parte com capacidade para duas mil pessoas. Quem se dispusesse a pagar R$ 25 teria o metro quadrado garantido para pular separado de toda a gente. “Na realidade, isto não vai mais acontecer por decisão da prefeitura”, avisou o deputado.
 
O recuo, na prática, só ocorreu devido o “pé no bucho” imposto  pelo prefeito Carlos Evandro. “Este evento já tem dinheiro público (cerca de R$ 200 mil) e é feito num espaço público. Não faz sentido cobrar nada do povo”, esbravejou o prefeito. Carlão ameaçou ainda desistir de apoiar o festival caso o deputado insistisse com a tática. Sebastião Oliveira engoliu a decisão do gestor, e, contrariado, aproveitou para alfinetar o governo. “Na Festa de Setembro isso acontece com frequência”, disse, referindo-se à venda de camarotes. Entre as atrações do Festival da Juventude deste ano estão previstas bandas como Cheiro de Amor, Forró da Nação e a dupla Fábio e Nando.
 
MEA CULPA
 
A “mea culpa” feita pelo deputado-produtor trouxe para Serra Talhada um debate levantado recentemente pelo músico e Secretário de Cultura da Paraíba, Chico César. Trabalhando nos preparativos do São João 2011, o cantor garantiu que vai extinguir da programação a famigerada “fuleiragem-music”. “Não há razão para o poder público financiar bandas que ganham tubos de dinheiro e fazem sucesso à custa de ‘jabá’ e da apologia à violência, desrespeito contra a mulher, discriminação de minorias, e traduzem baixarias em refrões fáceis”, disparou o compositor. “O Governo do Estado da Paraíba não pretende pagar duplas sertanejas e nem o forró de plástico”, finalizou Chico César.
  
 
 
Estas palavras serviriam de farol não apenas para o deputado Sebastião Oliveira, que pôs em cheque, por si só, a qualidade do festival que ele mesmo criou. Mas para diversos produtores de eventos da região do Pajeú. Com raras exceções, muitos poderiam obter bons aprendizados com as poucas e enérgicas frases do cantor de Mama África.