Por Paulo César Gomes, professor, escritor, historiador, pesquisador, apresentador da TV Farol e colunista do Farol
A coluna “Viagem ao Passado”, destaca hoje uma foto histórica da Filarmônica Vilabelense, entre os anos de 1980, em frente a Concatedral de Nossa Senhora da Penha. Que entre outros aparecem os lendários Luiz Fogos, Edésio, Seu Nogueira, Seu Bolão, entre outros, o popular Gerâ Balde. Gerâ têm esse apelido porque durante a infância carregava água para vários em um ‘galão de água’ com pequenos baldes.
Gêra é o mais velho integrante em atividade da banda. Segundo Gêra, o início da Filarmônica foi aos oito anos, por sugestão de Seu Nogueira. “Já era seis horas da noite, e estava faltando um percussionista, e o Maestro Fernando Moura, ameaçou não subir com a banda até a Igreja. Foi ai que Seu Nogueira disse: Pode colocar o ‘neguinho’ que ele dá conta e deste estão não sai mais da Filarmônica”.
Gêra também comentou sobre a influência do Maestro Fernando Moura na formação de vários músicos locais. “Fernando Moura era sargento da Polícia, veio morar em Serra Talhada e formou muitos músicos em Serra Talhada, como Edésio, Luiz Fogos, Seu Nogueira, Jacinto Limeira, João Nogueira, Zé Duro, Severino Rufino, Genival. Ele deixava o músico pronto”.
“Infelizmente ocorreu um desentendimento entre o prefeito Hildo Pereira e Fernando Moura, que acabou indo embora e a banda ficou inativa. Eu acabei salvando alguns instrumentos após o prédio aqui na esquina da concha desabar e ainda consegui salvar esses pratos (que têm mais de 90 anos) e duas tubas”, relatou Gêra Balde. Ele aproveitou para anunciar que em breve vai assumir o comando da tuba.
O MAIS JOVEM INSTRUTOR DA FILARMÔNICA
Germano Guttenbergue assumiu a banda em 2001. “Eu assumi a Filarmônica em 2001, através da intervenção de Giovanni Sá, que era Diretor de Cultura do Município, mas tudo que aprendi foi na adolescência na banda Marcial do Colégio Municipal Cônego Tôrres”, relatou Germano, que ao longo de mais de 24 anos já formou vários músicos locais.
A HISTÓRICA FILARMÔNICA VILABELENSE COMPLETA ESTE ANO 120 ANOS
A Filarmônica Vilabelense possui vários marcos importantes na sua história: no início de 1905, por iniciativa do Tabelião Antonio Timóteo de Lima, os poucos músicos da então Villa Bella resolveram tocar em grupo e promover retretas dominicais para divertir a pequena população da Vila.
Outro marco importante na história da Banda foi a sua participação na festa da padroeira (N.S. da Penha) daquele mesmo ano (1905) a convite do Monsenhor Afonso Antero Pequeno, tendo ficado registrado o dia 29 de agosto de 1905 (Hasteamento da Bandeira) como sua primeira exibição oficial, o que já acontece ininterruptamente há quase 120 anos.
Vale registrar também como um marco importante da sua história o ano de 1914. Naquele ano ela ganhou, digamos, um registro de nascimento. Teve o seu estatuto redigido por Antônio Timóteo de Lima, em cujo documento passou a figurar como SOCIEDADE FILARMÔNICA VILABELENSE.
Esse estatuto, no entanto, só teve o seu registro efetuado no cartório do 1º Ofício em 04/04/1949, no livro “A” nº 1, à folha 3v a 4. Assim também, no início de 1916 o Padre Mariano Aragon teve a ideia de fundar uma escola de música em Villa Bella.
Por isso, convidou o músico Isidoro Mandu e o Tabelião Antônio Timóteo de Lima para realizarem o projeto e então, no dia 05 de março de1916 foi inaugurada a escola de música da cidade, a qual funciona até hoje sob o comando do maestro da filarmônica.
CRISES
A Banda não foi fundada para sobreviver à custa do poder público. Entretanto, esteve sempre sob a tutela do Executivo Municipal. Motivo pelo qual tem passado por altos e baixos, e até por longos períodos de silêncio e abandono total por culpa de alguns governantes que por aqui passaram.
Mesmo assim, ela tem sempre ressurgido das cinzas e dos escombros desses desastres governamentais. Graças a garra de alguns incansáveis batalhadores da área musical de Serra Talhada como Antônio Nogueira, Edésio Alves, Luiz Fogo, Seu Bolão, Professor Nestor, Toshiba e tantos outros.
Durante esse período de tutela pública a Banda tem estado sob o comando de várias secretarias municipais, obedecendo as conveniências das administrações que vêm se sucedendo no poder.
Assim sendo, desde 1993 a administração da Banda cabe ao Presidente da Fundação da Casa de Cultura de Serra Talhada, atual Fundação Cultural de Serra Talhada, e a parte musical fica a cargo de um maestro.
PATRIMÔNIO
Hoje a Filarmônica é patrimônio do nosso povo, tem estado presente em todos os acontecimentos importantes da nossa cidade. Há mais de um século tem sido testemunha implacável do progresso e dos muitos retrocessos da nossa terra e da nossa gente.
Atualmente, com pouco mais de vinte integrantes, a Filarmônica tem atendido a todos os chamados para apresentações, marcando presença nas manifestações religiosas, cívicas, folclóricas e educativas.
Os músicos que formam o quadro da Filarmônica são oriundos, na sua maioria, da escola de música mantida na sede da própria entidade. Onde as aulas são oferecidas a título gratuito com o objetivo de formar novos músicos e assim, manter viva a nossa tradição musical.
(Fonte: https://filarmonicavilabelense.wordpress.com/ Professor Dierson Ribeiro)
A imagem abaixo, foi extraída do livro do ex-prefeito e pesquisador Luiz Lorena, “Serra Talhada 250 anos de história. 150 anos de emancipação política”, aparecem alguns dos primeiros integrantes da Filarmônica, entre eles estão, Antonio Timóteo, Manoel Cassiano, Toinho Romão, Nenên Jurubeba, Aureliano Ribeiro, Inocêncio Andrada, Isidoro Mandu (maestro da banda).
As crianças e outras pessoas que aparecem na foto não estão identificadas no livro.
FACHADA DA SEDE SEM MANUTENÇÃO
Mesmo com toda importância histórica, a Filarmônica e seus músicos não recebem o devido valor. Músicos se apresentam quase que diariamente e recebem valores simbólicos.
Na verdade, eles tocam por paixão a música e por amor à banda e aos colegas de profissão. Outro detalhe, é a falta de atenção com a sede do histórico grupo, que não recebe pintura há décadas.
Nem ao menos uma placa que identifique o local existe. Imagine um visitante que queira conhecer um pouco da história da cidade e da Filarmônica Vilabelense certamente irá se decepcionar com o que irá ver.
14 comentários em Filarmônica resiste e orgulha ST, mas precisa de gestos concretos da gestão