Força das letras pulsa na Bienal Internacional do Livro de PEDa Folha de PE

A 11ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco – que começa nesta sexta-feira (6) e segue até o dia 15, no Centro de Convenções, em Olinda – traz como tema três palavras fortes: Literatura, Democracia e Liberdade. Talvez, por isso, os homenageados – Lima Barreto e Fernando Monteiro – também sejam fortes autores, compelidos a escrever sobre causas sociais e o que mais os inquietar. Nas palavras de Fernando Monteiro, “escrever é uma danação e quem o faz só pode ter uma mente atormentada”.

Para que não se cause maus entendidos, leia-se o complemento: “O escritor é atormentado pelo mistério do destino humano, pela injustiça no mundo, por questões que permanecem sem respostas. O papel do escritor é dilatar a consciência”. É nessa pulsão política que a Bienal inicia seus nove dias que, obviamente, também buscam incentivar a leitura e a escrita.

“Foi escolhida essa temática, ainda em 2017, porque a gente visualizava que o Brasil está vivendo dias de muita inflexão e intolerância. A programação traz esse convite para debater, junto com a questão democrática e republicana, a dimensão de liberdade que buscamos enquanto sociedade”, elucida Rogério Robalinho, diretor da Cia. de Eventos, responsável pela realização do projeto. “O Brasil ainda é um país muito jovem, um menino de calças curtas que está crescendo e negociando seu modelo social. E a gente entende que a grande missão da Bienal é gerar compromisso com a sociedade mais leitora e mais escritora, que participe”, completa, ressaltando que a programação buscou pela pluralidade, sem pender para nenhum dos extremos.

Com o reconhecimento do evento, junto à “luxuosa companhia” de Lima Barreto, Fernando Monteiro afirma também: “Eu próprio homenageio Lima, antes de mais nada. Um escritor negro, pobre, discriminado, que foi combatido e que deixou uma literatura importantíssima para a nossa história”, diz Monteiro. E acrescenta: “Acho que nossa história seria outra se lêssemos mais as obras dele”.

Rebelde assumido, o próprio Monteiro passou a se dedicar à escrita de contos e poesia pela alegação, de algumas editoras, que esses conteúdos não vendem. “O escritor é a consciência vigilante. É para isso que nos servimos. Assumi essa posição em nome da rejeição da poesia”, conta. E é sobre ela que trata no projeto Palavração, congregação perfeita da questão poética e da inconformidade que leva a agir. “Nesse sábado teremos a última edição do projeto com o escritor paraibano Sérgio de Castro Pinto, às 16h”, convida.

Antes disso, o escritor estará junto com Robalinho, o ministro da Cultura Sérgio de Sá Leitão, que vem pela primeira vez ao Estado depois da posse, e demais convidados na mesa de abertura oficial às 17h.
A programação completa pode ser acessada na página da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco.