Do G1

O sinal de alerta acendeu no Palácio do Planalto. Assessores do presidente Jair Bolsonaro avaliam que o ministro da Economia, Paulo Guedes, mandou sinais claros de que pode seguir a “debandada” de secretários e deixar o cargo se o governo decidir furar o teto de gastos públicos e abandonar de vez o ajuste fiscal no próximo ano.

Segundo esses assessores de Bolsonaro, Paulo Guedes demarcou o terreno nesta terça-feira (11), ao anunciar a saída dos secretários Salim Mattar e Paulo Uebel. No anúncio, disse que há insatisfações pelas mudanças nos rumos da política econômica do governo.

Continua depois da publicidade

Para os interlocutores do presidente, Paulo Guedes até aceita não enviar a reforma administrativa agora, motivo da saída do secretario de Desburocratização, Paulo Uebel.

Mas, avaliam, Guedes não vai tolerar mudanças no teto de gastos públicos e foi muito claro na crítica aos defensores da medida, alertando que eles podem levar o presidente da República para “uma zona sombria, uma zona de impeachment”.

Amigos do ministro da Economia dizem que Guedes não tem intenção de sair do governo. Sente-se responsável por uma missão conferida pelo presidente Bolsonaro para transformar a economia brasileira com uma agenda liberal, que neste momento está sendo questionada.

Esses amigos dizem que o ministro entende que, em alguns momentos, por questões políticas, é preciso recuar. É o caso da reforma administrativa, que, por motivações eleitorais, foi mais uma vez adiada para o próximo ano.

Os interlocutores de Paulo Guedes ressalvam, porém, que tudo tem limites. Neste momento, já há uma avaliação de que o ministro da Economia está num processo de enfraquecimento. Se aceitar furar o teto, perderá sua credibilidade.

Continua depois da publicidade

Daí a avaliação de assessores diretos do presidente que, mesmo não tendo intenção de sair do governo, Paulo Guedes mandou sinais de que pode ser levado a isso caso o presidente mude definitivamente o rumo da política econômica.

Por enquanto, Paulo Guedes tem dito a interlocutores que o presidente da República tem garantido a ele que não aceitará mudanças no teto de gastos públicos no ano que vem. Recebeu essa garantia em mais de uma conversa com Bolsonaro.

O problema é que as pressões estão aumentando, a economia está reagindo ainda lentamente e o presidente gostou do resultado dos gastos com o auxílio emergencial e tem sido aconselhado a fazer o mesmo com investimentos, mirando a reeleição em 2022.

Agora, tanto na avaliação de assessores do presidente como de interlocutores do ministro da Economia, a bola está com o presidente da República.