É quase uma revisão do passado acompanhar as tramas e os tratamentos reservados aos nove filmes indicados ao Oscar, em 2018. Sete dos longas revelam dados e traços da sociedade mundial, pela ótica do cinema de Hollywood. Se as narrativas poderiam ser datadas, os cineastas à frente dos concorrentes demonstram habilidade na exposição de abordagens atentas à nossa realidade. Postura política, machismo, compulsão e desvio de comportamento passam pelo exame minucioso dos diretores preocupados ainda, numa generalização, com racismo e xenofobia.
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“O cinema é um espelho da realidade e é também um filtro”, observa um personagem de Me chame pelo seu nome, um dos concorrentes a melhor filme. O romance gay apresentado na fita, com ação filmada na Itália, é, com a dobradinha de filmes sobre a Segunda Guerra (Dunkirk e O destino de uma nação), exemplar fora da curva das escolhas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas que favorece abordagens norte-americanas, por excelência. Mas, ainda assim, os três filmes acusam traços de solidariedade, nacionalismo e individualismo, tão discutidos na América de hoje.
A discussão de direitos humanos (em Três anúncios para um crime), o empoderamento feminino (gritante em títulos como The Post, Lady Bird, A forma da água, Três anúncios para um crime e Trama fantasma) e a tríade que sempre gera interesse em filmes hollywoodianos – sexo, drogas e violência – embalam muitos dos longas.
Da paranoia da guerra à repressão social (contra gays e negros) que move parte de A forma da água, passando pelas estabelecidas ferramentas de controle social (vistas em Corra!, permeado de racismo e manipulação mental), o cinema trilhado pelo Oscar ainda chama a atenção por dar atenção a temas como desemprego (Lady Bird), nascimento de sexualidade (Me chame pelo seu nome e Lady Bird) e conjunturas de imigração (Trama fantasma e Três anúncios para um crime).