
Jovem serra-talhadense é a 1ª remanescente quilombola aprovada em medicina através do sistema de cotas em uma universidade pública.
A estudante Ana Beatriz de Souza, de 17 anos, moradora do bairro Ipsep, é originária do Quilombo do Catolé dos Índios Pretos, na divisa entre Serra Talhada e São José do Belmonte.
A menina foi aprovada em 1º lugar nas cotas de quilombolas na Univasf, campus Paulo Afonso-BA.
Filha do aposentado Edmar Freire de Souza; e da técnica de enfermagem, Cármem Lúcia de Souza, Ana Beatriz sempre estudou em escolas públicas e passou de primeira no vestibular.
Ao longo de sua trajetória estudou na Escola João Pereira dos Santos (antigo Propac), no Methódio Godoy de Lima e no IFSertão-PE no curso de Técnico em Logística.
A reportagem do Farol de Notícias conversou com Bia, como é mais conhecida entre familiares e amigos.
Ao longo do bate-papo a adolescente falou de sua rotina de estudos, do sonho de ser médica, do orgulho da família e religiosidade. Segundo ela, sua fé em Deus a guiou na conquista do 1º lugar no vestibular.
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“Eu sempre tive o sonho de ser médica, sempre foi um objetivo, mesmo que parecesse tão distante. E eu fui aprovada no meu primeiro vestibular pelo Enem, através do Sisu, na Univasf, campus Paulo Afonso. Na minha rotina de estudos eu fiz cursinho de redação com o professor César Menezes, aos sábados. E também fazia um cursinho online, conciliando com os estudos do 3º ano no IF. Para mim, as principais dificuldades foi conciliar todas essas rotinas de estudos”, destacou Beatriz, continuando:
“Muitas vezes eu tinha que estudar para o Enem, para as matérias do 3º ano e as matérias técnicas porque estava no técnico integrado. Isso era uma grande dificuldade, muitas vezes eu não conseguia dar conta de tudo. Eu sempre tinha que escolher e priorizar. Mas a honra e glória toda é de Deus! Eu sou evangélica, e para mim não teria sentido ter essa conquista e não atribuir a Deus. Sem Ele eu não teria conseguido. Tudo isso com apenas 17 anos, meus pais estão muito orgulhosos e a família inteira está muito feliz”.
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A IMPORTÂNCIA DA COTA
Por muitos anos as cotas para negros, indígenas e quilombolas foram questionadas. Mas exemplos como o de Ana Beatriz mostra o quanto as políticas públicas de equiparação social estimulam e dão oportunidades justas para jovens de todas as classes sociais, raças e etnias a realizarem grandes feitos.
Segundo Beatriz, toda a sua família materna tem origem quilombola, a qual falou com muito orgulho e consciência que as cotas foram fundamentais para a aprovação e enfatizou o direito que ela e os demais jovens quilombolas têm de acesso a política pública.
“Eu e minha família recebemos a notícia segunda-feira, já estávamos na espectativa há alguns dias. Mas como a cota para quilombola é apenas uma vaga, estávamos esperando em Deus, bastante confiantes, mas bastante aflitos. Quando saiu a notícia foi uma alegria e um alívio ao mesmo tempo, porque eu consegui ficar em primeiro lugar para cotas de quilombolas. Com certeza, as cotas foram muito importantes para a minha aprovação. É um direito que nós temos. Minha mãe nasceu no Catulé, minha avó, minha bisavó, somos todos quilombolas”, comemorou.
Jovem da zona rural e escola pública passa em medicina na UPE de ST
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