Por que Marte é vermelho? Cientistas podem finalmente ter a resposta - Imagem: Aynur Zakirov/Pixabay
Imagem: Aynur Zakirov/Pixabay

Com informações do g1

Marte, o “planeta vermelho”, há séculos fascina cientistas e o público em geral. Agora, uma nova pesquisa traz uma explicação para sua icônica tonalidade avermelhada: a ferrugem resultante da reação de um composto com água e oxigênio. A descoberta não só esclarece um mistério antigo, mas também oferece pistas valiosas sobre a possibilidade de Marte ter sido habitável no passado.

Anteriormente, acreditava-se que a cor avermelhada de Marte era causada por um mineral seco e semelhante à ferrugem, chamado hematita. Isso sugeria que a reação ocorrera sem a presença de água, o que diminuía as esperanças de que o planeta pudesse ter abrigado vida. No entanto, décadas de missões espaciais e análises de materiais coletados na superfície marciana revelaram uma nova possibilidade: a ferrihidrita, um mineral de ferro rico em água, pode ser o principal responsável pela poeira avermelhada que cobre o planeta.

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Ferrihidrita

A ferrihidrita é um óxido de ferro que se forma em ambientes úmidos, frequentemente associada a processos como o intemperismo de rochas vulcânicas e cinzas na Terra. Até então, seu papel na composição de Marte era pouco compreendido, mas o estudo recente sugere que ela pode ser um componente-chave da poeira que dá ao planeta sua característica cor vermelha.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados de várias missões espaciais, incluindo observações orbitais do Mars Reconnaissance Orbiter, da NASA, e do Mars Express e Trace Gas Orbiter, da Agência Espacial Europeia. Além disso, medições feitas por veículos como Curiosity, Pathfinder e Opportunity na superfície marciana foram fundamentais. O estudo foi publicado nesta terça-feira (25) na revista Nature Communications.

Vida em Marte

A descoberta da ferrihidrita é um indicativo promissor de que Marte já teve um ambiente mais úmido e potencialmente habitável. Diferentemente da hematita, que se forma em condições quentes e secas, a ferrihidrita requer a presença de água fria para se formar. Isso sugere que, bilhões de anos atrás, o planeta pode ter tido condições adequadas para sustentar água líquida — um ingrediente essencial para a vida — antes de se transformar no ambiente árido e frio que conhecemos hoje.

“Já houve vida? Para entender isso, precisamos compreender as condições que estavam presentes durante a formação desse mineral. O que sabemos, a partir deste estudo, é que as evidências apontam para a formação de ferrihidrita, e para que isso acontecesse, deve ter havido um ambiente onde o oxigênio, proveniente do ar ou de outras fontes, e a água puderam reagir com o ferro. Essas condições eram muito diferentes do ambiente seco e frio de hoje”, explica Adomas Valantinas, astrônomo e um dos autores do estudo.

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Embora a pesquisa não confirme a existência de vida em Marte, ela abre novas portas para a compreensão do passado do planeta. “Esta pesquisa é uma oportunidade de abrir novas portas”, afirma John Mustard, outro dos pesquisadores envolvidos.