Médicos esclarecem se remédio para cólica realmente aumenta o fluxo menstrual - Imagem: FreePik
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Com informações do Metrópoles

As cólicas menstruais são um incômodo comum para muitas mulheres, mas há quem evite tomar remédios para aliviar a dor por medo de que eles aumentem o fluxo menstrual. Será que isso faz sentido? Entenda abaixo como esses medicamentos agem no organismo e se eles realmente interferem na quantidade de sangue durante o ciclo.

Os remédios para cólicas, como os antiespasmódicos e anticolinérgicos, têm como principal função relaxar os músculos lisos do trato gastrointestinal, reduzindo as contrações que causam a dor. A ginecologista Ana Glauce, da rede Dasa, explica que “eles bloqueiam a ação da acetilcolina, um neurotransmissor que estimula as contrações”.

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Além disso, alguns medicamentos atuam como antagonistas de receptores de prostaglandina, uma substância química ligada às contrações uterinas e à dor. “Sua inibição ajuda a reduzir o desconforto durante o ciclo menstrual”, completa a especialista.

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Mas será que esses remédios aumentam o fluxo menstrual?

A resposta não é tão simples. Os medicamentos podem ter efeitos diferentes de pessoa para pessoa. Em alguns casos, o fluxo menstrual pode parecer maior, mas isso nem sempre está diretamente relacionado à medicação. A ginecologista Bárbara Freyre, da Clínica Trinitá, em Brasília, explica que os anti-inflamatórios não esteroides — como o ibuprofeno — inibem a prostaglandina, o que pode até diminuir o fluxo menstrual em algumas mulheres. Já os antiespasmódicos, como a escopolamina, relaxam a contração uterina e podem causar a sensação de aumento imediato do volume de sangue. No entanto, o fluxo não aumenta de fato. O que ocorre é apenas a liberação do sangue que já estava acumulado.

A especialista reforça que qualquer mudança significativa no fluxo menstrual deve ser avaliada por um ginecologista, que poderá investigar as causas e orientar sobre o uso adequado dos medicamentos.

Como aliviar as cólicas sem depender apenas de remédios?

Existem várias alternativas para amenizar o desconforto menstrual de forma natural e segura:

  • Meditação, yoga e respiração profunda ajudam a relaxar os músculos uterinos e aliviar a dor.
  • Aplicação de calor na região abdominal, como uma bolsa térmica, pode relaxar a musculatura e reduzir a dor.
  • Massagens na região pélvica estimulam a circulação sanguínea e diminuem a intensidade das cólicas.
  • Alimentação rica em ômega-3 também ajuda a reduzir processos inflamatórios que pioram o desconforto.
  • Magnésio presente em sementes e oleaginosas, contribui para relaxar os músculos e minimiza as contrações.
  • Por fim, o chá de camomila, conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias, é uma opção natural para aliviar a dor.

O uso frequente de remédios pode afetar o ciclo menstrual?

Sim, o uso contínuo de medicamentos para cólicas pode impactar o ciclo menstrual. Ana Glauce alerta que analgésicos e anti-inflamatórios, quando usados com frequência, podem alterar a regulação hormonal.

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“Esses medicamentos podem afetar o comprimento do ciclo, a duração da menstruação e até a frequência com que o sangramento ocorre”, diz.

É importante destacar também que o uso prolongado de anti-inflamatórios, como ibuprofeno e naproxeno, pode interferir na fertilidade, reduzindo a produção de ovócitos e, em alguns casos, aumentando o risco de aborto espontâneo.

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A médica ainda destaca que a interrupção abrupta desses medicamentos pode causar sintomas de abstinência, como dor de cabeça, náuseas e vômitos. Por isso, é fundamental usá-los com moderação e apenas quando necessário. Como alternativa, Ana Glauce sugere investir em práticas não farmacológicas, como exercícios físicos, técnicas de relaxamento, uma dieta equilibrada e suplementos nutricionais, que podem ajudar a aliviar o desconforto de forma segura e saudável.