No Vaticano, 20 mil pessoas acompanham traslado do corpo do papa da Casa Santa Marta até a Basílica de São Pedro

Do G1 / Jornal Nacional

Nesta quarta-feira (23), os preparativos do funeral do papa avançaram no Vaticano. É de lá que o César Tralli traz as informações.

Enquanto cardeais do mundo inteiro se deslocam para acompanhar o enterro de Francisco no próximo sábado (26), o corpo do papa foi levado nesta quarta-feira (23) para a Basílica de São Pedro para visitação de milhares de fiéis.

Era muito cedo e a Roma papalina já queria ver o corpo de Francisco. A fila na Praça São Pedro crescia. Dentro do Vaticano, como Francisco imaginou um ano antes, quando mudou as regras dos funerais papais, o velório íntimo na Capela Santa Marta foi reservado aos mais próximos para um adeus silencioso. Dali o papa argentino iria então para junto do povo.

A oração do cardeal camerlengo selou a despedida da Casa Santa Marta, onde Francisco viveu 12 anos com modéstia, discrição, cercado de amigos e pessoas que admirava. Em caixão aberto, debaixo do sol romano, o corpo de Francisco foi conduzido pelas ruas internas da cidade-estado.

O cortejo não parou no Palácio Apostólico, símbolo da monarquia absoluta do papado de Roma. Um poder que, de certa forma, Francisco rejeitou, ao negar viver ali dentro. Na rampa da Basílica, sob aplausos de 20 mil pessoas, fiéis se emocionaram até às lágrimas.

O corpo do papa entrou pela porta central. Lá dentro, o coro da Capela Sistina difundia a sua melodia solene e ao mesmo tempo mágica. A cerimônia seguiu o roteiro escrito por Francisco. O caixão foi posto no chão, em uma plataforma baixa, sobre um tapete. E não no catafalco, como antes. O camerlengo Kevin Farrell, escolhido por Francisco, cumpriu o ritual da água benta e incenso. O papa tem uma mancha no rosto. Pode ter caído quando sofreu o derrame cerebral.

Na Basílica, seu corpo ficou cercado pela grande família de religiosos. De muitos que o amaram e de outros que o condenaram. Na primeira fila estava o enfermeiro do papa, Massimiliano Strappetti, talvez o seu maior amigo nos últimos anos. Oitenta cardeais participaram da cerimônia.

A maioria dos 252 cardeais da Igreja, entre eles 135 eleitores, está viajando para Roma, vinda de todas as partes do mundo. O que vem de mais longe, da Nova Zelândia, irá viajar 30 horas em três aviões diferentes para o funeral do velho papa e a eleição do novo.

Sete cardeais brasileiros votarão no conclave que vai eleger o sucessor de Francisco. E alguns já chegaram a Roma para o funeral. Para eles é um momento de reflexão sobre o amigo que se foi, e o futuro – não só da Igreja.