Antes mesmo das manifestações de junho, que pegaram a classe política de surpresa e suscitaram no PT o debate sobre o distanciamento entre o partido e as ruas, os petistas já estavam no divã. A convocatória do 5º Congresso, aprovada pelo Diretório Nacional no dia 8 de dezembro do ano passado, já dizia: “O PT perdeu densidade programática e capacidade de mobilização sobre setores que nos acompanharam nos primeiros anos de nossa existência. O debate interno está rarefeito. Sofremos um processo de burocratização e assistimos a um debilitamento de nossas instâncias coletivas de direção”.
No primeiro semestre deste ano, o PT realizou uma série de seminários temáticos durante as comemorações de seus dez anos na Presidência da República. Na ocasião, o partido traçou uma narrativa de sua gestão e fez uma comparação com o governo Fernando Henrique Cardoso. A ideia agora é refletir sobre o presente e traçar propostas para o futuro.
Presidente da Fundação Perseu Abramo, que pertence ao PT, Marcio Pochmann disse que uma das discussões será sobre o Estado laico e a mudança de estrutura da sociedade brasileira:
— As instituições religiosas certamente foram as poucas que ampliaram sua penetração na sociedade. Os sindicatos não conseguiram nem os partidos políticos, por exemplo. Houve uma mudança de estrutura na sociedade brasileira, de representatividade.
Uma das principais preocupações do PT, às vésperas das eleições presidenciais, é não perder a capacidade de diálogo com a nova classe C, que ascendeu durante os governos Lula e Dilma. “Diferentemente de uma visão economicista vulgar, a consciência de classe se constrói. Não entender isso pode significar que os principais beneficiários das transformações ocorridas no país não sejam capazes de reconhecer-se e identificar-se com as forças políticas que produziram essas mudanças”, diz o documento sobre o Congresso.
( O Globo)
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