OPINIÃO: O 1º de maio dos anos de chumbo ao neo-peleguismo petista do século 21Cresci vivenciando o dia 1º de Maio – Dia do Trabalhador – como um dos mais importantes do calendário brasileiro. Participei de grandes manifestações no final da ditadura que se implantou neste Brasil até o chamado período de abertura. Não conto as vezes que fui às ruas com os meus companheiros, de rosto pintado fazendo teatro popular e cobrando com arte melhoras para a classe trabalhadora.

Muitas destas manifestações foram protagonizadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço sindical do Partido dos Trabalhadores (PT) que já prestou grandes serviços a este Brasil. Éramos todos jovens? Não. Éramos idealistas? Talvez. Mas as reivindicações eram absolutamente necessárias. Fico envergonhado, neste século 21, quando chega o 1º de maio e parece que estamos no paraíso. Não temos nada a reivindicar ou as centrais sindicais se transformaram num bom negócio para a “‘ditadura do proletariado”?

Neste feriado, tanto a CUT como a Força Sindical, irão torrar milhões em shows milionários e sorteios para a classe trabalhadora. E só. Apenas isso. Temos um salário mínimo que satisfaz todas as necessidades dos trabalhadores. A inflação é coisa do passado. A relação patrão e empregado é um mar de rosas. Não há carências sociais nas cidades… então vamos brincar ao invés de protestar. Esta é a lógica do chamado neo-peleguismo petista.

Não sei o que o PT fez com o seu estatuto histórico de fundação da legenda. Mas transformar o 1º de maio em dia de caminhada do trabalhador e outras “firulas” é um pouquinho demais. Aliás, um sacrilégio. Não estou no paraíso e reivindico o direito de ir na contramão de que tudo termine em festa, samba e futebol. Um bom feriado a todos!