Por Luciano Menezes, Historiador com Pós Graduação em História do Brasil e Geral
O conceito de educação, hoje desgastado, ficou resumido, sobretudo, pelo senso comum, ao que acontece nas instituições formais de ensino: creches, escolas do fundamental e médio, cursos técnicos, universidades, e outras tantas fundações que atendem a demanda da obrigatoriedade, quer seja pela lei, ou pelos costumes.
Esses “espaços educacionais”, atuando na maioria das vezes, com instruções mecânicas, dão sustentabilidade a uma monopolização do aprendizado, principalmente, revestido pela ideia rude, limitada e linear, de uma “educação” que abre caminho para o mercado de trabalho. Ou seja, propagamos o conceito de educação que tomou uma conotação fechada, ligada a uma concepção de escolas curriculares, com ensino obrigatório, domesticação confundida com disciplina, sem distinção alguma entre ensino e aprendizagem.
Essas instituições afirmam, ironicamente, medir conhecimentos, classificando “vencedores” e “derrotados” – registrando pontuações de “um a dez”, inserindo-as nas mentalidades uniformizadas e escolarizadas, que engolem, sem a menor rejeição, o “pacote” curricular imposto. Um conhecimento que alguém afirmou ser relevante, em medida similar, para toda sociedade. Professores, alunos e a sociedade são “porta-vozes” dessas ideologias mentirosas que prometem salvações.
É, a partir desses espaços hierarquizados, sombrios e disciplinados, que boa parte da sociedade aguarda uma total transformação social. Desse modo, anunciam que a educação não pode existir fora das paredes dessas instituições, ou seja, de acordo com o consenso fabricado, somente tais campos de confinamentos, denominados instituições de ensino, poderão oferecer a “salvação” da humanidade, principalmente na pátria educadora, que fomenta essa educação para os músculos – Educação do operariado. Ele, enquanto “educado”, “morde a isca” diariamente, cada vez que se submete a uma nova moda compulsória, repetindo jargões grosseiros e vulgares, como: “a educação transforma!”.
O sujeito de mente escolarizada, coletivizado e com espírito pueril, acredita em muitas abstrações que digeriu na escola, engodos como: Democracia, PIB, manifestações ordeiras, capaz de transformar o status quo, ONG’s, representatividade e etc.
Logo, o otimismo burguês, por ingenuidade ou tendenciosamente, afirma que uma sociedade educada pela escola é chave para acabar de vez com a violência, com os crimes, com as desigualdades, com o racismo e etc. Dizem: “Numa sociedade culta não existe intolerância.”
A Alemanha nazista, Estado constituído de um povo culto e escolarizado, entretanto, apoiaram as torturas, as perseguições e as mortes de judeus. A educação alemã não foi suficiente para afastar a xenofobia, o preconceito e o ódio. De forma idêntica, nossos modelos formais de educação têm fortalecido desigualdades e preconceitos e, seguem fazendo promessas mágicas para o futuro.
Ivan Illich afirmava que, a Igreja ao menos oferecia uma chance para o condenado que pedisse perdão à beira da morte, enquanto que, a escola traz uma expectativa de uma vã esperança, de que um dia seus netos farão uma sociedade melhor através dela.
Enfim, talvez seja necessário enxergarmos formas educacionais mais significativas, sobretudo, em locais da sociedade, onde jamais um olhar escolarizado e míope percebe educação, onde o chicote do governo tirano não provoque tanto caos.
1 comentário em OPINIÃO: A educação que promete um paraíso na terra está desgastada nos dias de hoje