Por Luciano Menezes, Historiador

violencia contra mulher 01São perceptíveis os fortes traços de autoritarismo que encontramos na nossa sociedade. O poder de mandar é inebriante e irradia, quem ordena se sente dono da razão, e quem obedece, associa esse ato a uma honra e moral. Assim, a desobediência é vista como um opróbrio e amedronta.

Obedecer é uma virtude na sociedade onde a influência do cristianismo é exacerbada. Esse dogma é demasiadamente sagrado, tal como os lucros financeiros. A lei do lucro sobrepuja todas as leis, mas ela só é viabilizada diante das docilidades e da dicotomia –“mandar e obedecer”. Basta olhar o orgulho estampado no rosto do soldado diante da ordem superior hierárquica, ou mesmo a felicidade e os risos provenientes dos grupos de trabalhadores, mesmo em circunstâncias adversas.

O poder autoritário está também nos pais que impõe, independentemente da subjetividade dos filhos. O poder de mandar está na escola, na figura do professor que tem quase sempre a última e sufocante palavra em detrimento do aluno. Desse modo, o poder autoritário se expande com o caráter “axiomático”, naquelas “verdades” incontestáveis ditas pelos médicos, pelos padres, pastores, televisão, pelos senhores“dignos de honras”.

O modelo de sociedade do mandonismo cultua os programas policiais, as armas que simbolizam poder, ama o civismo, os “bons modos,” defendem os modelos obtusos de escola militar. Suplicam por aumento do contingente policial e a força hierárquica do Estado.

Adoram o “verde e o amarelo”, a bandeira. Aos moldes hobbesiano, ultrapassam não somente a cega obediência ao Estado, mas a obediência em largas e pequenas escalas, que favorecem apenas pequenos grupos. Mas que são apresentadas como benesses sociais. Enfim, a sociedade autoritária possui elementos que sofrem influências do mórbido militarismo, logo serão escassos os diálogos entre esta sociedade e o refratário, sobretudo se ele pensar suas ações e contestar realidades.