Por Luciano Menezes, Historiador

pmEm meio às turbulências das deflagrações de greves por todo o país, eis que surge mais uma: a greve da polícia militar. De acordo com o parâmetro constitucional é assegurado o “direito” à greve, cabendo aos trabalhadores à decisão de quando exercer o tal direito. Não obstante, a “soberana carta” faz uma ressalva que restringe o “direito” a algumas classes, e, por esse “gargalo”, não passa alguns servidores que exercem serviços classificados por ela como essências, dentre eles, a polícia militar.

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Contudo, a relevância dessa tal essencialidade é ponto contraditório que gera interrogações. Se a “segurança” exercida pela polícia militar é tão relevante e ampla, estendendo-se a todos – banqueiros milionários, ricos comerciantes e pobres no geral, por que os pagamentos referentes a essa “segurança” são quase insignificantes?

Tal como a saúde, com exceção de alguns cargos ocupados por médicos, os salários, quase sempre, são tão discrepantes com a relevância classificada pela irrisória constituição. Também surge outra pergunta: por que a tal relevância não se estende aos professores e a outros cargos de extrema essencialidade concreta? Fica perceptível que o funcionamento da sociedade moderna é pautado nos valores econômicos, em detrimento dos humanos e sociais.

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Quando se ameaça a vida da grande maioria não se gera tanta preocupação do poder público, e nesse caso, a polícia não possui nenhuma relevância. Contudo, na ameaça às grandes propriedades e aos valores econômicos, é quando a força policial passa a ser relevante e essencial. Desse modo, o Tribunal de “Justiça” faz a “justiça” da centralização, da segregação, da linearidade, da usurpação, da proteção ao grande proprietário, dos grandes jornais, dos bancos, das estruturas institucionais que dominam a sociedade.

Tal como a afirmação tenaz de Foucault: a justiça não é outra coisa senão à vontade e os caprichos da burguesia. Sendo assim, seguimos a espera da utópica atitude judicial que traga consigo ao menos uma aproximação da verdadeira justiça, e que todos os cargos e serviços sejam considerados essenciais e que sejam remunerados de forma mais humana.

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