selo-brasil-holanda_1Por Cornélio Pedro da Costa, Agente de Polícia Civil e torcedor brasileiro

Grande bobagem essa história. Perdemos a copa no Brasil e lá vem o imediatismo irracional dos conhecedores e técnicos do futebol mágico. A realidade é que isso acabou faz é tempo. Exemplo dos títulos de 1994 e 2002. O que faltou à seleção foi o chamado planejamento. Na copa de 2006 na Alemanha, com este time hoje campeão sob o comando de Klismam e seu assistente Low, a seleção alemã perdia o torneio dentro do seu país, ficando em 3º lugar ao final da copa organizada por eles.

O que aconteceu é que foi reconhecido o trabalho e a nação os cercou, tratando-os como heróis. Fato é que seguiram em frente na renovação e no planejamento, agora com a efetivação de Low ao comando da seleção Alemã, e com a geração de jogadores antes derrotados em casa com o objetivo claro de ser campeão no Brasil; claro que esperando fazer um bom papel na África. Se o título viesse seria bom, mas o objetivo era 2014 no Brasil.

Basta ver a logística deles. Chegaram a construir uma granja Comary para eles. Capacitação e treinamentos técnicos e táticos, equipe fortalecida, jogadores medianos capacitados para jogarem de forma tática, a suprir a pouca técnica destes elementos fortalecido pelo conjunto do time, ou seja tudo programada e planejado pra acontecer em 8 anos. Nada de imediatismo ,projeto de resultados à médio e longo prazo. Um time fortalecido e experiente em todos os setores.

Goleiro fantástico, defesa forte, fria e firme, mas pouco técnica, principalmente na saída de bola; um problema sanado com a presença de um meio de campo técnico, habilidoso e muito tático; além, é claro, do excelente senso de cobertura de líbero do goleiro fantástico. Seguia-se o posicionamento compacto de avanço e recuo em ataques e contra ataques, a quem se dispunha à enfrenta-los francamente. Coitado do místico e mágico Brasil (7 x 1). Um timaço, todos eram craques. Bom, mas vamos aos nossos erros…

1º ERRO: começar com a escolha em sediar a copa somente pela vontade política e sem a devida fiscalização, e de quem seria responsável pela seleção: a maquiavélica CBF, digo seus dirigentes.

2º ERRO: a demissão de Dunga apenas porque desafiou a Fênix Platinada e não levou os ascendentes à craques Neymar e Ganso, e os também em evidente decadência Ronaldinho Gaúcho e Adriano. Fora que isolou o time e não deu exclusivas, nem deixou Galvão Bueno fazer e desfazer na concentração lá na África. Os números do time dele prometiam classificação fácil nas eliminatórias sul-americanas, Copa América, Copa das Confederações e eliminação da Copa da África, com apenas uma derrota no 2º tempo para a Holanda depois de um 1º tempo muito bom. Mas, aí todo o trabalho foi jogado no lixo, claro, à pedido da Fênix. Vem a imediata renovação total: chama o Mano Menezes; nem chamaria isso de erro porque, naquele moment,o ele era o cara. Tornou o Corinthians um timaço depois de cair pra serie B.

3º ERRO: Renovação total na seleção sem aproveitar o que já havia sido feito. Aqueles derrotados da África eram figuras não-gratas, anti-heróis nacionais, alguns até trogloditas. Tinha uns meninos na Vila que precisavam aparecer e mostrar ao mundo que o fantástico futebol do Brasil tinha um novo Pelé que resolveria tudo; era a volta da mágica da fantasia. Só faltava achar o Garrincha, Tostão, Rivelino, Jairzinho e até o Amarildo. Era o improviso nada de concreto nem planejamento; o craque resolveria, era só botar a bola debaixo do braço e ninguém mais a tomaria. Na política, o país mergulhava nas discussões sobre o legado e o que foi investido, quanto foi desviado. Apareceu os chamados protestos politicamente corretos, tentou-se vincular a seleção à desorganização e roubalheira dos aproveitadores e políticos; precisava-se de alguém de nome experiente para comandar a seleção.

4º ERRO: a seleção era fantástica, só o técnico era inexperiente, precisávamos do professor. Aí os famosos cartolas entram em campo e decidem “Mano deve sair e entra Felipão”;  mestre na entrega de camisas, um disciplinador que cria um escudo protetor na seleção. Paizão, sabe consolar os meninos, deixá-los distantes das confusões dos organizadores. De maneira incontestável, somos campeões do torneio das Confederações, derrotamos a atual campeã do mundo, e europeia.

5º ERRO: tínhamos uma seleção, mas nunca tivemos um time; uma equipe bem preparada, bem treinada, que caia vertiginosamente no ranking da FIFA, mas isso era besteira… Na copa tudo voltaria ao seu devido lugar. Aí seguiram-se os famosos amistosos promocionais e caça-níquéis, arranjos da cartolagem e patrocinadores, hoje donos do mito da Canarinho. Era cada time fantástico: Sudão, China, Congo, Azerbaidjão… Os nossos irmãos sul-americanos disputavam as eliminatórias com resultados e montaram equipes razoáveis para o torneio. E nós somos o favoritaço pela nossa mágica futebolística, jogamos em casa e o nosso maior inimigo é um tal de Maracanaço acontecido na copa de 50, mas os uruguaios já foram derrotados no torneio das Confederações, o resto aqui no Brasil vai ser barbada.

Bom, para encurtar, o resto da história todo mundo já sabe. Então faltou o chamado planejamento profissional. E o pior é que temos uma Olimpíada em casa, título inédito para a Canarinho. Pelo andar da carruagem, se continuar deste jeito, a vaca que foi para o brejo na Copa vai continuar atolada em 2016 no Rio. Espero que o trabalho seja planejado porque, inegavelmente, temos excelentes atletas, só nos falta dirigentes profissionais à altura que possam misturar o místico com a preparação e o planejamento; tático e técnico necessário para a medalha de ouro e depois seguir em direção à Rússia, Brasil 2014, infelizmente, já foi. Fora Teixeiras, Marins e Del Neros!