Por Adelmo da Favela, escritor de Serra Talhada
Na casa de padre Jesus tinha um campinho de terra que deixou muita saudade, a gente jogava futebol e o time era do padre. Cueca e Esquerdinha eram sempre os escolhidos para ajudar nas missas sendo os dois coroinhas. Tião de Augusto Duarte era o rei das embaixadas com a bola dente de leite, era impressionante as tacadas que ele dava. Não perdia pra ninguém, quando alguém fazia trinta ele passava das cem.
O patamar da igreja era o campo preferido, a gente jogava bola não quebrava nenhum vidro, o time só ficava cabreiro na hora que aparecia Dona Maria Cordeiro, ela acabava com o jogo mandava a gente ir pra casa. Quando era o outro dia a gente estava de volta com a bola dente de leite e a pelada começava. Padre Jesus tinha um jipe quando ele ia pra zona rural se embrenhava pelos matos, quando ele voltava pra cidade o jipe vinha cheio de feijão, frango, milho e quiabo.
No time de Padre Jesus a fé estava ao redor, a gente se divertia e jogava futebol, ainda encontrava tempo para ajudar na sacristia sendo os coroinhas, nós éramos uns meninos puros com os rostos cheios de espinhas, todos buscando o futuro na casa da Mãe Rainha. Sinto saudade dos meninos que jogavam futebol no patamar da igreja. Toinho Rodrigues, Paulita, e os outros tantos mais, nesse tempo os meninos eram conhecidos com os nomes dos seus pais, foi um tempo que passou e não volta nunca mais. Hoje, eu lembro com saudade uma parte dessa história onde a gente era criança e só queria jogar bola.
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