EmmanuellePor Emmanuelle Silva, estudante de Letras na UFRPE/Uast, militante social e repórter do FAROL

A educação tem sido um dos principais motes de debate no primeiro semestre de 2015. As paralisações em Pernambuco, São Paulo e Paraná foram alguns dos fatos determinantes para eclodir esse cenário. Em Serra Talhada os servidores da educação também se mobilizaram e conseguiram no debate o aumento de 16,65% para docentes e 10% para administrativo e demais servidores. Agora é a vez  dos professores e técnicos federais que discutem greve por a defesa do caráter público da educação, as condições de trabalho, a garantia de autonomia, a reestruturação da carreira e a valorização salarial dos professores ativos e aposentados.

O meu tema do dia é a educação e os principais fatos que estão marcando as discussões no Brasil, com mobilizações grevistas e desrespeito do governo pela categoria. O PL 4.333 está passando pelas instâncias legislativas, logo será sancionado e como fica o trabalhador diante do retrocesso das históricas lutas trabalhistas e o esvaziamento dos seus direitos? O poder público empurra para os setores privados a responsabilidade. Terceirização já! O corte orçamentário no Ministério da Educação de R$ 9,43 bilhões de reais para pagar serviços da dívida externa é uma medida extremamente contraditória com relação ao novo lema do governo federal. Como formar uma “Pátria Educadora” com um corte de recursos tão significativo?

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Governantes de um país que supõe levantar a bandeira da educação e agem para que o cenário de discussão e negociação com a categoria se estenda ao nível que estamos, deve rever a fidelidade aos ideais que defende. Professores do Paraná foram agredidos pela polícia militar, em Pernambuco o governo agiu com desrespeito, cerceando a paralisação. O diálogo não avançou, Câmara propôs 7% de reajuste, mas os trabalhadores lutam pelos 13% garantidos pelo governo federal. Penso também nos alunos, classe a que pertenço. Adolescentes das escolas de ensino médio adoram as férias no meio do ano letivo, mas se aborrecem por ter que pagar essas aulas no sábado.

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Estudantes universitários, em sua maioria, abominam a greve. Os jovens militantes conscientes que apoiam, participam e gritam junto são imoralmente recriminados pelos milhares de alunos que individualistas que querem seus diplomas, formar-se em uma universidade sucateada, sem estrutura e condições de formar a nível acadêmico seus discentes. Os discentes são prejudicados sim, a curto prazo, mas se pensarmos no quanto precisamos lutar para chegar a uma educação de qualidade no nosso país, o curto prazo torna-se totalmente insignificante. Quero meu diploma, mas quero poder honrá-lo e dizer que estou qualificada para exercer o que ele assegura e que a instituição que me formou é respeitada e tem toda a estrutura necessária para formar tantos futuros trabalhadores.

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juventudeEnquanto isso a crise econômica se instala severamente, inclusive na mente dos trabalhadores que temem protestar e receber fortes represálias como ocorreu com os professores em Pernambuco e em maior escala no Paraná, perpassando a violência simbólica e chegando a física. As instituições de ensino superior estão em debate e a UNIR, UNIFAP, UFPA, UFERSA (RN), UFF, UFT, UFAL, UFMT, UFMS, UFAC, UFRA (AM) aderiram a paralização. Já a UFPEL (RS), UFFS (SC), UFSCAR (SP),UFRJ, UFRGS, UFG, UFCG (PB), UFRN, UFV (MG), UFJF (MG), UFPE, UFRPE, UFPR, UTFPR, UFU (MG) votaram contra. A classe está dividida, ou seja, enfraquecida internamente. O governo conseguiu alienar e amedrontar essa classe e assim fará com todos os outros trabalhadores, caso não haja mobilização. Você está disposto a lutar?

Por hoje é só pessoal, vamos debater!