OPINIÃO: O desenvolvimento do salário mínimo, e os 'fetiches' do capitalismoPor Luciano Menezes, Historiador

O desenvolvimento tem sido configurado também pelo salário mínimo. Desse modo, ouvimos os discursos: “ruim com ele, pior sem ele,” “Graças a Deus estamos empregados!” Tentando suprir às necessidades momentâneas seguimos. O que seria o mínimo salarial aceito como parâmetro de pagamento passou a ser o máximo no âmbito das classes baixas.

O patrão que paga o mínimo é divinizado diante do desenvolvimento que tem como base o salário mínimo e a cesta básica. Em Serra Talhada, também não é diferente. Onde comunismo e socialismo recebem conotações pejorativas, seguindo as tendências do senso comum, ainda percebemos resquícios inapagáveis da época em que fora somente mais um feudo de Inocêncio.O nosso desenvolvimento também tem sido representado pela compra de motos e carros financiados. Todos os anos surgem os novos modelos, dizem que é preciso estar acompanhando esse processo de “desenvolvimento e evolução.”

Contudo, aos olhos do jumento a divisão da carga a torna imperceptível à duplicidade. As cargas e taxas abusivas é o mal necessário ao consumismo moderno. Aliás, precisamos urgentemente adentrar no universo tecnológico, “se desenvolver.” Precisamos de televisores cada vez maiores e sofisticados. Logo perceberam nossas “necessidades,” e agora pagamos mais para canais fechados. Ironicamente pagamos para ver na TV o que nos é imposto. Como diria Júlia Alves, a TV se transformou num anestésico e analgésico sociocultural.

Precisamos representar o desenvolvimento com celulares que oscilam de tamanho, o que hoje deve ser imenso, não cabendo na mão, e muito menos em bolsos, outrora deveria ser bem minúsculo. Mas, precisamos seguir as tendências ou nos tornamos ultrapassados. Muitos afirmam: “Antes do real não podíamos consumir, não tínhamos TVs em cores, nem parabólicas e canais fechados. E, esse processo econômico trouxe melhor qualidade de vida.”

Hoje, parcelamos os produtos em 24 vezes. Aos produtores, os incentivos fiscais do governo – o privilégio industrial. O consumo deve ser sagrado e garantido para “felicidade geral.” Tanto ganha à classe empresarial que vende mais, expandindo por todas as classes, como a massa, que pode ver suas novelas, futebol sob uma tecnologia moderna, plasma, LCD e etc. etc. etc.