Por Eugênio Marinho, de Serra Talhada

saquesQuem assistiu as imagens dos saques ocorridas em Abreu e Lima em 15 de maio de 2014, por conta da greve da polícia militar, entende porque o Brasil está como se encontra.

Entraram, pegaram e levaram o que era dos outros, é um absurdo, afirmou na entrevista a TV um senhor pobre e civilizado que mora na incivilizada Abreu e Lima, no incivilizado Brasil.

Bastou a possibilidade de levar vantagem, associada a grande possibilidade de impunidade para que todas aquelas pessoas, algumas reconhecidas como marginais, agissem todas, como se marginais fossem.

Estas pessoas votam e são estes os valores delas. Que tipo de políticos podem eleger? Certamente os que tem valores iguais aos delas, ou seja, políticos que diante da possibilidade de levarem vantagem, associada a grande possibilidade de impunidade, entram, pegam e levam o que é dos outros, no caso, o que é nosso, os recursos públicos, aqueles que poderiam nos trazer a civilização.

A mudança, segundo todos os institutos de pesquisa, é desejada por 74% das pessoas. Aproximadamente, 20%, os beneficiários do Bolsa Família a temem, pelo medo de perderem este benefício. Apenas 6% defendem a realidade atual do Brasil.  Mas quantos desejam mudar?

Assim, o desejo de mudança, se garantida a política assistencial, beira a unanimidade. Aí, surge uma pergunta que intriga a todos, se é assim, por que não conseguimos mudar?

A primeira explicação para este insucesso, é por a culpa nos políticos, e eles na sua grande maioria, são ruins mesmo. Prometendo que vão servir, se servem como ninguém. Mas aí surge a primeira contradição, todos foram eleitos. Foram escolhidos.

A segunda explicação, rapidamente surge, antes mesmo que a consciência nos doa. Não temos opção. Mas aí a segunda contradição, quem faz nossas opções? O voto nulo existe? O direito de ir as ruas protestar existe? O direito de expressar sua opinião existe? Você opta por alguma delas?

Em mim, em você, vários eu, um, que deseja a mudança, outro, que não luta por ela, outro que prefere se enganar dizendo que não tem opção. A mudança só é possível quando o eu, que a quer é o mesmo que luta por ela.

Opine, assuma sua opinião, proteste com equilíbrio, a democracia se alimenta disto. Diga ao seu eu que só deseja a mudança, mas que em nada procura contribuir para que ela ocorra, que os dias dele não são eternos, e que esta postura só eterniza o Brasil que temos.

Se 74% só desejarem a mudança, 20% tiverem medo dela, os 6% restantes podem impor a sua vontade. Se você tem dúvida disto olhe as ditaduras, um só homem impõe a toda uma nação o seu desejo e se perpetua no poder.

Quando se muda, mais do que se desejar a mudança, se dá início a ela. Se Abreu e Lima não muda, o Brasil, não muda.