impostosPor Júlio José Cardoso, Bacharel em Direito e servidor federal aposentado

É constrangedor o governo basear o seu plano de desenvolvimento na cobrança provisória de um imposto. É melancólico assistir ao governo implorar pelo retorno da CPMF, cujo instrumento já fora reprovado pela sociedade. Parece até que se escafederam as cabeças pensantes da administração petista.

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A CPMF foi um cambalacho aplicado no passado pelo governo FHC, que depois o PT assimilou. Por acaso, alguém conhece o montante da contribuição arrecadado e devidamente empregado em sua finalidade? Por exemplo, o SUS sempre foi um caos, mesmo no período da CPMF.

Agora, o governo quer destinar a arrecadação para a Previdência Social. Fala-se em previdência deficitária, mas não existe nenhum laudo auditado mostrando, por exemplo, a entrada e saída das contribuições, e nem os devedores da previdência.

Chega de onerar e espoliar a população. Sempre imposto sem serviços públicos de qualidade. Novamente o governo quer jogar no colo da sociedade a responsabilidade por seus erros.

O governo não corta na carne as despesas extravagantes púbicas. A  ilha da fantasia, Brasília, é um ninho de desperdício do dinheiro público. São miríades de cargos comissionados e mordomias. Por exemplo, nos Três Poderes não há enxugamento de despesas, e o governo federal não tem coragem de conversar com os demais poderes para reduzir o gigantismo da máquina pública.

É uma temeridade vincular uma contribuição provisória à saúde previdenciária e de outras despesas. Só que essa receita provisória no porvir passará a ser definitiva. E já existe ministro defendendo que a CPMF seja cobrada nas duas pontas, um absurdo!

Por que tudo no colo do contribuinte? Por que os bancos, que faturam muito, não são convocados também a contribuir com o país neste momento de crise? E parece piada ouvir de alguns políticos, que vivem das mordomias e sinecuras, que a CPMF representa apenas uma pequena  contribuição que nem vai ser sentida no bolso. Trata-se, como se observa, de opiniões irresponsáveis, vindas de quem demonstra não ter estatura  para representar a sociedade brasileira.

Finalmente, por que o governo não cobra as dívidas dos grandes devedores do país? Por que o governo, por exemplo, facilita as dívidas fiscais de clubes de futebol, que continuam a pagar altos salários a técnicos e jogadores?