gootembergGoottemberg Mangueira é professor

As religiões não devem funcionar como prisões psicológicas para aqueles que professam sua fé, nem torná-los seres perigosos, intolerantes, capazes de matar em nome de Deus. Essas atitudes estraçalham a essência humana e transformam o homem num ser submisso, vazio de subjetividade e cheio de ódio.

O massacre do Charlie Hebdo na França (12 mortos) é exemplo claro de um fanatismo religioso que assusta o mundo. No Brasil, em 2011, no Rio de Janeiro – Realengo, um jovem de 23 anos invadiu a escola Tasso da Silveira e matou 12 adolescentes e suicidou-se depois de ter sido baleado por um policial, deixando no bolso uma carta falando de pureza, Deus e do retorno de Jesus. Os loucos pelo céu estão por aí, matando e morrendo em de Deus, fazendo da vida dos outros um inferno para garantirem vaga no paraíso.

As religiões cristãs, cada vez mais ricas (e sem previsão para o desapego aos bens materiais que possuem) não pensam de verdade no bem estar espiritual do ser humano, pregam a vinda de Jesus como forma de salvação da humanidade, mas será esse é mesmo o desejo delas? A quem Jesus incomodaria se isso acontecesse? O império que não é mais o romano, anda como Cristo andou? Vive como Cristo viveu? Faz algo pelo menos parecido?

A bíblia nos mostra que Jesus foi um homem simples e discreto, porém isso não existe na maioria das religiões, que fazem questão de ostentar riqueza e mostrar para o mundo os supostos milagres que realizam (principalmente algumas evangélicas) como forma de publicidade, uma vez que a concorrência pelas ofertas dos fiéis é grande

Na política, a situação é mais grave. Visto que as consequências são mais abrangentes, imediatas e mexe no cotidiano social. O povo se ilude com promessas infactíveis, não entende ( e as vezes entende, mas o fanatismo fala mais alto e deixa tudo passar) as manobras escabrosas que os políticos fazem para não serem punidos pela lei ( que deveria ser para todos) e, claro, se manterem no poder.

Os governantes deixam de criar mecanismos que garantam efetivamente emprego e cidadania, e arrocham assistencialismo, maquiando e mantendo por muito tempo, mazelas sociais profundas, como, por exemplo: o alto índice de pobreza e analfabetismo, que não se resolve com essa prática eleitoreira, absurda, inconsequente e desumana que sempre marcou presença no mundo político, mas parece que piorou.

É preciso abrir os olhos para o comportamento dos nossos “representantes” no poder público. Recentemente, os deputados federais aumentaram os seus próprios salários que, aliás é muito pouco. Dá até pena dos coitadinhos, que não conseguem sobreviver com um salário base de R$ 26.700,00 e, portanto, aumentaram para 33.700,00. Vale lembrar que essa extraordinária proposta foi feita pelo Supremo Tribunal Federal e o Ministério Público da União, pois o deles aumentou também.

Os homens e mulheres de “confiança” do governo atual deixaram correr frouxo (dizem que não sabiam de nada) na Petrobrás um esquema de desvio de verba pública jamais visto no país, segundo o Tribunal de Contas da União. A estatal que era sinônimo de orgulho, agora é de vergonha para o povo brasileiro. O mais interessante nisso, é que os prejuízos, causados pela gatunagem, não entraram no balanço da empresa que acabou perdendo 13, 7 bilhões de valor de mercado. Isso é Brasil, um país sério!

O Brasil está vivendo uma terrível crise de ética política e institucional e as pessoas estão indiferentes a isso, descansando na alienação. Esses descaminhos são uma parte dos “réditos” sociais colhidos ( uma colheita programada) por um país que abandonou a sua educação, que há 500 anos vem mentindo para seu povo, fazendo-os crer que o céu é aqui, mesmo esse povo sentindo que arde na sua pele e na sua alma, o fogo avassalador do inferno.

A educação é peça fundamental para que a população brasileira e a dos países que passam pela mesma situação, principalmente na África e nas Américas do Sul e Central entendam como funciona a política nos seus países. Mas aqui, a bem da verdade, os “perobados” do poder a têm como uma inimiga do “modus operandi” da política do país. Espero que o lema “Brasil, pátria educadora”da presidente Dilma, lançado no dia da posse do seu segundo mandato, não seja mais uma daquelas mentirinhas que ela está acostumada a dizer.

Se a escola fosse bem tratada, bem estruturada, o professor ganhasse de acordo com a importância do seu papel social, que, aliás, lhe é negada, pelos mefistofélicos políticos que temos, certamente a escola exercia a sua verdadeira função, que é a de educar e promover cidadania. Mas isso não interessa ao poder público e a nenhum tipo de poder. A alienação do povo é uma bandeira que a maioria dos políticos e líderes religiosos defende; entretanto, poucas pessoas entendem como funciona esse maquiavelismo desgraçado que assola o mundo. A coisa é feia e bem feita!