IMG_81096802139100Por Gilvan Magalhães, Cientista Político com especialidade em Sociologia e Antropologia na UFPE

Leão e leopardo são felinos, são carnívoros e vivem na África. No entanto, são animais diferentes, não apenas no aspecto físico, mas também nos hábitos. O leão gosta de caçar de dia e em bando, prefere comer zebras e antílopes de grande porte. Já o leopardo caça de dia e de noite, é um solitário e prefere comer pequenos antílopes.

Assim também são PT e PMDB. Dois partidos políticos espalhados em todo o território nacional, ambos controlando o Senado e a Câmara, ambos participando do governo Lula/Dilma. Mas são animais muito diferentes em composição, distribuição de poder e estratégias políticas.

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O PT é filho do casamento entre o movimento sindical e a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de base. Os orgulhosos padrinhos foram o general Golbery do Couto e Silva, que assim conseguiu dividir a oposição brasileira; e os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes por participar do nascimento de um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.

O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras.

O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto. Enquanto isso, o MDB nasceu como um frentão de resistência à ditadura. Abrigava desde os pragmáticos comunistas do Partidão até os pessedistas derrotados pelo golpe de 64, como Amaral Peixoto, Ulysses Guimarães e Tancredo Neves.

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Herdeiro do velho PSD, o PMDB é um partido de base municipal. Sua Convenção Nacional é composta de delegados dos municípios. Daí vem sua força eleitoral e política. O PMDB se curva ao poder da lógica da política estadual. Seus diretórios têm larga autonomia, podendo decidir o caminho mais conveniente a seguir dentro do estado.

Nesse sentido, o PMDB é um partido bastante democrático, porque a força de suas lideranças nasce do voto – e não do controle do aparelho partidário.

No PMDB, quem tem voto, tem voz. Goste-se ou não. E é exatamente porque tem o maior número de vereadores, prefeitos, deputados estaduais, deputados federais, senadores e governadores que o PMDB impõe seu ritmo ao governo federal e ao Congresso.

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Os diretórios estaduais vão armando seus palanques, fechando suas alianças… E impondo suas vontades à direção nacional, em movimento contrário ao do PT. O choque entre dinâmicas diferentes e estratégias também diferentes é que cria essa zona de atrito entre PT e PMDB.