Publicado às 05h37 deste domingo (16)
A educação no Brasil nunca foi uma prioridade máxima de seus governantes, mas temos que admitir que já avançamos muito nas últimas décadas. Escolas padronizadas, merenda para todos, material didático, fardamento, transporte, capacitação profissional para os professores e o mínimo de suporte pedagógico para os educandários.
Sem romantizar uma história de dificuldades, mas nem sempre foi assim. Nos rincões das zonas rurais de Serra Talhada, já teve professor que para conseguir dar sua aula tinha que praticamente se mudar para a comunidade ou viajar léguas. Maria Cecília da Silva Barros, 57 anos, natural do distrito de Bom Nome em São José do Belmonte, professora há mais de 35 anos, contou que seu primeiro emprego foi na Escola da Fazenda Catolé, hoje comunidade conhecida como o Quilombo Catolé dos Índios Pretos, para organizar tudo.
Em conversa com o Farol de Notícias, Dona Cecília contou que nos idos anos de 1987 o trabalho era dobrado e ser apenas professor não bastava. A luta pela educação começava no raiar do dia, chegava cedinho para limpar a sala, varrer o terreiro do educandário que funcionava em uma casinha de taipa. Pegava água no riacho para fazer a merenda e encher os potes para as crianças beber.
“Foi meu primeiro ano, era uma na Escola Perminio Olavo de Andrade. Hoje foi nucleada, essa Escola era desde do Pré-escolar até o quarto ano da Fundamental I, uma turma multisseriada. Eu tinha que que fazer tudo sozinha, não tinha merendeira, auxiliar de serviços gerais, auxiliar de sala. Limpava, fazia merenda, colocava água na cabeça. Era em uma casa de taipa ou seja pau a pique, chão batido. Sentavam em banco de madeira, cadeira de couro. Eu ia na segunda-feira e só voltava na sexta-feira ou no sábado para casa, quando alguém queria me dar carona de cavalo, era longe da minha casa. Naquela época não era todo homem que queria levar. Mas, apesar das dificuldades era gratificante”, relembrou a docente.
Mesmo com tanta luta, e já aposentada, Cecília continua dando o seu melhor pela educação. Diretora da Creche Francisco Epaminondas Torres, no bairro Caxixola, é uma das defensoras ferrenhas dos direitos das crianças e da qualidade no Ensino Infantil.
“Sou realizada profissionalmente, durante essa minha trajetória profissional pude tramitir vários conhecimentos para vida e formação dos meus alunos. Contribuir na vida dessas crianças e jovens para um futuro melhor. Sou filha de agricultores e sempre passei para eles que também passei por dificuldades, mas consegui vencer. Com meu testemunho consegui encoraja-los, falando que eles eram capaz. Hoje tenho orgulho dos mesmos são engenheiros, nutricionista, professores”, desabafou a professora.
Parabéns a todos os professores que fazem desse país um lugar de esperança de dias melhores. Que a Educação seja sempre esse lugar de crescimento e amor!
Viva as professoras e professores!
3 comentários em Os desafios da professora que já fez de tudo um pouco dentro da escola