O mistério da 'Gruta do Morcego' em Serra Talhada atrai pesquisadores

Por Paulo César Gomes, professor, escritor e colunista do Farol

A serra talhada é mais que uma montanha encravada em meio ao Sertão árido e seco, que renasce a cada inverno, quando a chuva cai em abundância. Ela também é um símbolo de um povo e de uma cidade.

Por essa razão, alguns membros do Instituto Histórico de Serra realizaram uma visita técnica até “a Gruta do Morcego”. Liderados pelo ambientalista, professor de geografia e pesquisador, Homembom de Souza Magalhães, Seu Bonzinho, que com seus 75 anos idade mostrou uma vitalidade de um jovem de 20 anos, seguiram também Gilberto Gomes, Luiz Ferraz Filho, Nidreyjeane Magalhães, Paulo César Gomes e os guias José Elisson e Tiago.

A GRUTA DO MORCEGO E A TESOURA DE OURO

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A Gruta do Morcego é um local de difícil acesso, apesar da beleza da vegetação e paisagem que se destaca ao longo do caminho. Uma placa improvisada pelos guias indica o local.

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Porém, vale registrar que ante de se chegar à gruta é preciso passar pelo cruzeiro da serra e se encantar com visual de toda a cidade e parte da zona rural, erguido em homenagem a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, um monumento foi construído há várias décadas, certamente para pagar uma graça alcançada por serra-talhadenses até o momento desconhecido. Infelizmente, vândalos voltaram a derrubar a cruz que ficava no local.

AS LENDAS E OS PERIGOS DA GRUTA DO MORCEGO

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O local é cheio de lendas e ‘estórias’ que fascinam por sua originalidade e beleza poética. Segundo Álvaro Severo, os habitantes mais antigos da serra contam que os negros, que conseguiam fugir das senzalas, esconderam na gruta uma tesoura de ouro e outras jóias.

“Durante muito tempo acreditou-se que se alguém conseguisse pegar a ‘tesoura’ (uma espécie de pote de barro) que ficava no fundo da gruta, automaticamente passaria a ser dono da riqueza que existia no local. No entanto, ninguém conseguiu tal proeza”, relatou em outra visita, o pesquisador, ambientalista e fotógrafo, Álvaro Severo.

Muito além das lendas, a Gruta do Morcego é um local insalubre, pois logo pela manhã, as centenas de animais que fazem parte da “colônia” liberam um odor insuportável, além de um líquido escuro, que desce pela gruta. E são bastante sensíveis ao barulho produzidos pelos visitantes.

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É importante registrar, que o morcego é mamífero com hábitos noturnos e segundo a Helen Regina da Silva Rossi, bióloga que estuda os morcegos, “os animais que deixam a colônia e passam a circular durante o dia, invadindo casas e outros locais, podem transmitir ‘a raiva’, que é uma doença viral, transmitida pelo morcego hematófago, que se alimenta do sangue de mamíferos, a exemplo do cavalo. A raiva é fatal para humanos e animais”.

Nos arredores da gruta, o grupo Instituto Histórico de Serra Talhada realizou um círculo de debate sobre as condições habitacionais da serra, assim como, as péssimas condições para a sobrevivências dos homens pré-históricos ao longo da talha da serra, a situação da vegetação e outros temas ligados a serra talhada.

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A GRUTA DO CANCÃO, ‘POINT’ DA JUVENTUDE DOS ANOS 60, 70 E 80 E A LENDA TÚNEL QUE LIGA A SERRA A IGREJA DO ROSÁRIO

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Durante as décadas 60,70 e 80, vários jovens e estudantes costumam subir a serra para se divertir nos vários lagos de água natural e cristalina que se formavam ao longo da talha da serra.

Uma das pessoas que viveu essa experiência foi a professora aposentada Dalma Régia, que também faz parte IHST, que nos contou através de aplicativo de mensagem como era a “Gruta do Cancão”

“Lembro-me que, quando era aluna do antigo curso ginasial, aos sábados, os nossos professores costumavam nos levar à serra para explorar e comprovar o conhecimento popular. Por exemplo: a gruta do cancão, o buraco do morcego.

Na Gruta do Cancão, tomávamos banho num lago que existente na entrada e adentrávamos um bom percurso. Retornávamos, quando faltava a luz solar. Lembrando que na época não tínhamos os equipamentos que dispomos hoje, para facilitar a exploração do ambiente.

“O que me intriga até hoje, era o relato dos professores e moradores do entorno quando nos passavam a história que o buraco do morcego termina em baixo do coreto da igrejinha do Rosário”.

No entendimento dos pesquisadores do IHST, é humanamente impossível construir um túnel que ligasse a Igreja a serra entre os séculos XVIII e XIX. No entanto, para o enriquecimento do folclore e das lendas locais, a ‘estória’ do túnel deve ser repassada para as futuras gerações.

Tornando isso um elemento importante da história da nossa cidade, assim como a lenda da loba capitolina que amamentou Rômulo e Rêmulo, os fundadores da cidade Roma, perpetuada até os dias atuais pelos italianos.

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