Meu passeio pelas lembranças começa pelo saudoso Severino da Perua. Aliás, nunca soube a origem do termo ‘Perua’ no nome de Severino. Mas lembro de um negro gordo que sempre andava com a camisa aberta e de forma apressada. Quase sempre, carregando uma bacia na cabeça. Um outro negro também me vem a lembrança: Badé. Quem nao se lembra do cavaleiro que costumava vestir-se de branco, botas pretas, passos martelados e chapéu de massa? Badé era motivo de risos pelo simples fato de vestir-se diferente.
Já o ‘Luca Doido’ era o contrário. Não vestia quase nada. Era um andarilho de barba mal feita que andava descalços e amava o futebol. Tinha uma boa prosa e eu costumava o chamar de ‘O senhor dos anéis’. Reparem as semelhanças nestes três personagens: eram negros. Também tenho lembranças de um senhor (não sei o seu nome) que vendia tapiocas numa bacia extremamente limpa. O seu diferencial era um vozeirão que chamava a atenção de todos. Aos gritos, ele entoava o refrão: “Tapioca tá quente, tá quente, tá queeeeente”.
Como esquecer do Pedro Cego. Deficiente visual muito bem humorado que nunca se lamentava da vida e tinha sempre uma resposta pronta para uma pulha. “Pedro, olha o buraco”. E a resposta: “Não se preocupe, pois já tô com o pau dentro”, se referindo ao bastão que costumava carregar. Isto, sempre com um sorriso no rosto. Sei que existem muito mais pessoas de bem que fizeram a diferença mas agora é com vocês. Estes, são parte das minhas lembranças e foram coerentes em vida. Foram únicos e verdadeiros na difícil arte de viver.
Um bom domingo a todos!
39 comentários em OPINIÃO: Em tempos de meteoros, nunca é demais mergulhar nas lembranças do povo