
Serra Talhada, o tão propagado quarto polo médico de Pernambuco pela classe política foi colocado em xeque nessa segunda-feira (13), Uma professora procurou a redação do Farol, e fez um ‘rosário’ de lamentações sobre a relação custo-benefício dos serviços de medicina em Serra Talhada,
Segundo ela, entre outras dificuldades, os preços das consultas praticados em Serra Talhada estão fora do controle.
“Chamou minha atenção o fato de quase todos os especialistas e pediatras não atenderem convênios (plano de saúde nenhum). Tive a curiosidade de comparar os preços das consultas. Em todas as cidades circunvizinhas são bem mais baratas que aqui em Serra Talhada. Aqui os preços são abusivos e variam entre 350 e 400 reais. Em Afogados da Ingazeira e Salgueiro, por exemplo, você consegue bons médicos por no máximo 250 reais. Não tenho certeza, mas parece que tem um cartel na cidade que é polo médico”, desabafou a docente.
Em determinado instante da entrevista, a professora também coloca em xeque os serviços prestados pelo Sassepe e outras especialidades.
“Clínicas e laboratórios credenciados pelo Sassepe não atendem os servidores do estado nas especialidades credenciadas, ou disponibilizam apenas 1 atendimento por dia (setor de imagem do Hospital São Vicente), acredito que para forçar o servidor do estado a pagar 900 reais por uma ressonância magnética”, disse a serra-talhadense, concluindo:
“Por outro lado, penso que o Farol é um veículo de grande alcance que pode trazer essa temática para que os médicos, os daqui e os forasteiros, pensem que é justo ganhar dinheiro, foi para isso que se formaram, mas o preço abusivo coloca um abismo entre a população e a saúde”.
OUTRO LADO
A reportagem conversou com o médico Clóvis Carvalho, o popular Dr. Clovinho. Além de diretor-executivo da Casa de Saúde São Vicente, e do Instituto de Terapia Renal Alice Carvalho, o serra-talhadense também é diretor do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios de Pernambuco (Sindihospe, Leia a nota completa abaixo:
DR. CLÓVIS CARVALHO SE MANIFESTA
Lamentamos que os planos de saúde cobram muito caro dos pacientes e querem remunerar os hospitais e os médicos com valores completamente aviltados, além de passarem 3 meses ou mais sem pagar…
Recentemente suspendemos o atendimento de um convênio que desde 2017 não reajustava a tabela de preços, mesmo diante da inflação estratosférica na saúde, após a PANDEMIA, quando o mundo parou e faltou muitos insumos no mercado.
Também suspendemos o atendimento do IASSEPE (antigo SASSEPE) em 2024 porque o referido plano passou um ano sem pagar pelos serviços prestados. Mas, a nova diretoria já resolveu todas as pendências e o Hospital São Vicente já voltou a atender.
O Hospital São Vicente tem um viés social e sempre atendeu pacientes do SUS. Porém é impossível realizar um exame de imagem (tomografia computadorizada e ressonância magnética) por uma tabela congelada desde 2012.
O valor pago pelo SUS, cobre apenas o preço do contraste que desde a pandemia está com o preço nas alturas e ainda não voltou ao normal. Mesmo assim, diminuímos a quantidade, mas continuamos atendendo com equipamentos de última geração. Quanto ao setor privado da saúde, existe o livre mercado, onde os profissionais cobram determinado valor e tem quem pague por eles…
Em São Paulo, uma consulta do Dr. Roberto Kalil (cardiologista do presidente Lula) custa R$ 2.800,00 e a de Dr. Victor Sorrentino (nutrólogo), custa R$ 6.500,00. Existe uma fila de pacientes para serem atendidos por eles, onde a média custa R$ 1.000,00.
É de bom alvitre lembrar que o valor não se refere apenas ao momento da consulta, mas hoje os paciente tem o telefone dos médicos e ficam interagindo para tirar dúvidas e dar informações em várias oportunidades, além das revisões. Portanto, um consulta de um ESPECIALISTA no valor de R$ 400,00 reais está razoável.
Em países de 1º mundo como a INGLATERRA, o CANADÁ é até PORTUGAL, o sistema público de saúde funciona com excelência e 80% dos problemas de saúde da população são resolvidos na atenção primária (aqui no Brasil, existe o Programa de Saúde da Família); mas, lamentavelmente, não funciona a contento.
Lembro ainda que um profissional qualificado com um bom curso de medicina e uma boa residência médica, vir trabalhar no interior, deve existir uma compensação por isso! Além disso, a maioria destes profissionais atendem nos serviços públicos, onde toda a população pode ter acesso.
Muitos ainda tem o compromisso social de ensinar na Faculdade de Medicina da UPE e são remunerados por valores líquidos que vão de um a dois salários mínimos, dependendo da carga horária e o tipo de contrato.
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Por conta do nobre gesto destes profissionais, a UPE Serra Talhada está produzindo excelentes profissionais e o nosso curso de MEDICINA já é o mais concorrido de todos os campus da UPE. Lembro que esta surgindo no Brasil as Clínicas Populares com valores de consultas de R$ 25,00 a R$ 30,00 reais. Porém, eu não acredito que um profissional competente, comprometido e qualificado submeta-se a esta condição!
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