dom helder

Dom Helder Camara está mais perto de tornar santo. Menos de um ano depois do pedido de abertura do processo de beatificação do ex-arcebispo de Olinda e Recife, conhecido como ”irmão dos pobres”, a Cúria Romana emitiu seu primeiro parecer. O pedido foi enviado a Roma pelo arcebispo de Olinda e Recife dom Fernando Saburido em junho do ano passado.

Segundo carta expedida pelo prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal dom Angelo Amato, não há nada contra a solicitação enviada por Saburido. A expectativa agora é pela autorização da abertura do processo em nível diocesano, dependendo, apenas, do posicionamento de outros dicastérios. Com o aval do Vaticano, dom Helder será nomeado Servo do Senhor.

A etapa seguinte consiste em reconhecer suas “virtudes heróicas”. Para isso, uma comissão jurídica se reunirá para estudar os textos publicados em vida e analisar os testemunhos de pessoas que conheceram o Dom da Paz. Para ser proclamado santo é imprescindível a comprovação de um milagre, que deve ocorrer após sua nomeação como beato. Após o processo de beatificação, é feita a canonização.

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PERFIL

Dom Helder Camara nasceu em 7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, capital do Ceará, e se tornou padre aos 22 anos. Com a morte do arcebispo de Olinda e Recife, é mandado para Pernambuco, onde desembarcou em 12 de abril de 1964, poucos dias após o golpe militar. Na capital pernambucana, o religioso desembarcou em meio a uma relação conturbada entre Governo do Estado e Igreja.

Dois dias após a posse, dom Helder lançaria, juntamente com outros 17 bispos nordestinos, um manifesto à Nação, pedindo liberdade das pessoas e da Igreja. O primeiro grande atrito, entretanto, ocorreu em agosto de 1969, quando o arcebispo foi acusado de demagogo e comunista, por ter criticado a situação de miséria dos agricultores do Nordeste.

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A partir de então, dom Helder sofreu represálias, inclusive com sua casa metralhada, assessores presos e com a morte de Padre Antônio Henrique, que foi assassinado. Em 1970, quando dom Helder teve o nome lembrado para o Prêmio Nobel da Paz, o governo brasileiro promoveu uma campanha internacional para derrubar a indicação, já que ele denunciava a prática de tortura a presos políticos no Brasil. Também em 1970, os militares chegaram a proibir a imprensa de mencionar o nome do Arcebispo de Recife e Olinda.

Dom Helder comandou a Arquidiocese de Olinda e Recife até o dia 10 de abril de 1985, quando – por atingir a idade limite de 75 anos – foi substituído pelo arcebispo dom José Cardoso Sobrinho.  Ele morreu em sua casa, no Recife, em 27 de agosto de 1999, devido a uma insuficiência respiratória decorrente de uma pneumonia. Seus restos mortais estão sepultados na Igreja Catedral São Salvador do Mundo, em Olinda.

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Pelo seu trabalho em defesa dos direitos humanos, dom Helder recebeu vários prêmios internacionais, como Martin Luther King, nos Estados Unidos, 1970, e o Prêmio Popular da Paz, na Noruega, 1974.  O religioso é autor de 22 livros, a maioria ensaios e reflexões sobre o terceiro mundo e a Igreja.

( Do Jornal do Commercio )