A dois dias do carnaval, o presidente Michel Temer tem mais um desfalque na equipe ministerial. O chanceler José Serra entregou ontem à noite uma carta pedindo exoneração do cargo, alegando problemas de saúde “de conhecimento do presidente”. Agora, Temer terá de decidir, até o carnaval, quem assumirá o Ministério das Relações Exteriores, no lugar de Serra, e o da Justiça, em substituição a Alexandre de Moraes, aprovado ontem para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal.
Até que decida pelo substituto, assume o cargo interinamente o secretário-geral do MRE, embaixador Marcos Galvão. Não se sabe, ao certo, quanto tempo a interinidade vai durar, já que, na Justiça, José Levy do Amaral está de forma provisória desde 6 de fevereiro, quando Temer decidiu indicar Moraes para o STF. E o presidente tem encontrado muita dificuldade para escolher o sucessor.
A carta de Serra foi entregue perto das 21h. “Faço-o com tristeza, mas em razão de problemas de saúde que são de conhecimento de Vossa Excelência, os quais me impedem de manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de chanceler.” Além da questão das viagens, Serra afirmou que seu problema de saúde dificulta os trabalhos no dia a dia. E acrescentou que, segundo os médicos, “o tempo para restabelecimento adequado é de pelo menos quatro meses”.
tucano agradeceu ao presidente. Apesar de ser senador pelo PSDB, o partido sempre deixou claro que a escolha de Serra para o Ministério das Relações Exteriores foi uma escolha pessoal do presidente Temer. “Para mim, foi motivo de orgulho integrar sua equipe. No Congresso, honrarei meu mandato de senador, trabalhando pela aprovação de projetos que visem à recuperação da economia, ao desenvolvimento social e à consolidação democrática do Brasil”, concluiu o agora ex-ministro.
O Correio apurou que Serra vinha se queixando de dores insuportáveis na coluna, fazendo, inclusive, tratamento em São Paulo. Em uma de suas recentes viagens internacionais, a trabalho, aproveitou para consultar com médicos estrangeiros, o que o fez consolidar a decisão. Ele reclamava constantemente a amigos da dificuldade de fazer viagens longas e participar de solenidades, algo inerente ao cargo.
O pedido de Serra para deixar o posto também traz mudanças importantes no xadrez para 2018. O agora ex-chanceler disputa internamente no PSDB, com o presidente da legenda, senador Aécio Neves (MG), e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, quem será o candidato ao Planalto para suceder Temer. Além disso, mesmo tendo sido uma escolha pessoal, não se sabe ainda se o PSDB vai pleitear a manutenção da pasta sob o comando da legenda.