Colaborou Emmnuelle Silva, do Farol
O FAROL entrevistou com exclusividade o agora secretário de Transportes do governo Paulo Câmara, Sebastião Oliveira (PR). Essa é a primeira vez que ele revela a um órgão de imprensa sobre os motivos por que deixou de assumir o cargo de deputado federal, no lugar de Inocêncio Oliveira, e quais os planos e projetos pretende realizar em favor de Serra Talhada.
Nesta conversa, Sebastião fala ainda da possibilidade de cobrança de pedágio na BR-232 e outras demandas como a reforma da rodoviária da Capital do Xaxado e do aeroporto. O FAROL verificou também uma mudança na postura de Sebastião em relação ao prefeito Luciano Duque, especialmente, porque diz que está “de braços abertos” e “desarmado” para ajudá-lo, já que agora é secretário “de todos os pernambucanos”.
A entrevista foi realizada em Recife, na residência de Sebastião, no bairro de Casa Forte, logo após o evento de diplomação dos deputados estaduais que aconteceu na capital pernambucana na semana passada. As imagens são do repórter fotográfico Alejandro García. Vale a pena conferir!
FAROL: Deputado, qual foi o fator decisivo que fez o senhor optar pela Secretaria de Transportes ao invés de uma cadeira na Câmara Federal?
Sebastião Oliveira: Foi o convite do governador pelos desafios que Pernambuco vai passar para o ano, quando todos os indicadores econômicos apontam para uma recessão no próximo ano. Uma contração na economia para uma diminuição nas taxas de investimento. O governador convoca uma equipe, que esteja sintonizada com Brasília e que possa arrecadar recursos de Brasília pra transformar o nosso estado, sem cair com a capacidade de investimento que ele sempre teve nos últimos oito anos, sustentados pelo governo Eduardo Campos. E também, pelo fato de tá sintonizado com a equipe do governador, de ter caminhado com ele muito nessa campanha e achar que nós podemos dar uma contribuição muito grande nesse governo, principalmente, no sertão de Pernambuco.
FAROL: Hoje na cidade, em Serra Talhada, quem quer fazer crítica ao deputado Sebastião, pega por esse mote. Achando que o senhor deixou a cidade órfã, por não ter assumido o lugar do ex-deputado Inocêncio Oliveira. Como é que o senhor absorve esse tipo de crítica?
S.O.: Eu absorvo com muita tranquilidade, eu ficaria muito triste se a crítica fosse que eu sou incompetente, de que eu não fiz nada na cidade, que eu tava envolvido no escândalo do lava jato, aí eu me preocuparia. Mas se é esse tipo de crítica, eu quero primeiro tranquilizar a população, que eu não perdi a vaga de deputado, a vaga de deputado é nossa, é de Serra Talhada. Eu continuo sendo titular da cadeira, eu apenas estou licenciado enquanto estiver servindo à Pernambuco na secretaria de Transportes.
E quero tranquilizar Serra Talhada, também, porque eu acho que ficando aqui eu vou ter mais tempo de monitorar o plano de governo que foi traçado por Paulo Câmara, que tem algumas coisas estratégicas para a nossa cidade. Como a construção do hospital geral do Sertão, como a transformação do Hospam em Hospital da Mulher e também um compromisso que foi assumido e tá registrado em cartório, no plano de governo de Paulo Câmara, que é a construção da PE-414, essa vai caber a mim diretamente, fazê-la e construí-la.
Como nós fizemos com o encaminhamento da de Santa Rita, como nós fizemos com a da Caxixola, do aeroporto, como fizemos com o pátio de eventos de Serra Talhada, como coordenamos com o Denit o acesso à Uast, como fizemos a reforma do aeroporto. Então, eu tenho certeza que nós vamos tá muito tranquilo e Serra Talhada vai entender que minha opção foi uma opção para servir melhor a Pernambuco e a Serra Talhada.
FAROL: A partir de janeiro, quais serão as prioridades do secretário de Transportes, Sebastião Oliveira?
S.O.: As prioridades primeiro são limpar todos os possíveis embaraços que o Dr e a nossa Secretaria tenha com o sistema do Cauc, que é quem coloca o estado impossibilitado de receber dinheiro federal e dinheiro de recurso de convênios. Esse vai ser o primeiro passo nosso, é limpar o DER, a secretaria, a EPTI de possíveis embaraços do Cauc. O Cauc, no caso, seria mais ou menos o SPC das prefeituras, dos estados e dos órgãos.
Essa é a minha primeira tratativa. A segunda é contratar uma grande empresa que possa fazer esse diagnóstico das nossas estradas, um diagnóstico de como devemos conservá-las melhor, restaurá-las melhor, o que aponta o modela de segurança das nossas estradas. E terceiro, tocar as obras que estão em andamento, nós temos aí um pacote de 20 obras que estão em andamento, inclusive, algumas no Pajeú, como a restauração da PE-292, que sai de Afogados da Ingazeira e vai até Albuquerque Né.
Então, a retomada desse pacote de obras nós deveremos fazer logo de imediato, e há longo prazo, tentar fazer uma reestruturação enorme do DER, que o DER é um órgão envelhecido. Tanto na sua estrutura física, como na sua estrutura, também, de funcionários, e nós precisamos fazer uma reestruturação para que o DER se torne um DER de referência em território nacional, como já foi no ano passado.
FAROL: O senhor deu uma declaração a Rádio Folha com relação à possibilidade de começar a se cobrar pedágio na Br-232. Isso já causou um reboliço no meio político, inclusive, lá no interior também. É necessária, no seu ponto de vista, deputado, a cobrança do pedágio na BR-232?
S.O.: É fundamental! Não se dá pra sustentar, hoje, o nosso estado. Nós temos o seguinte modal rodoviário, a matriz de transportes de Pernambuco, ela é composta, principalmente, do modal rodoviário. Quando você imagina que São Paulo, por exemplo, na matriz rodoviária tem um modal de 56% na área de transporte rodoviário, aqui em Pernambuco nós vamos pra 85% desse transporte rodoviário.
E 56% de todo esse transporte rodoviário é feito em duas rodovias, basicamente, a 232 e a 101. Então, a 232 só suporta aguentar esse tipo de repetições de cargas no pavimento se ela tiver um sistema de monitoramento de balança eletrônica. Para monitorar o peso, vigiar e fiscalizar, se não o pavimento útil, diminui. Um pavimento que era pra durar 20 anos, só vai durar 3, 4 anos em condição de trafegabilidade, o que vai onerar muito os custos do estado.
Então, só há duas alternativas: ou o estado investe na construção de balanças, e isso levar todo o orçamento da secretaria pra esse tipo de coisa, ou ele faz a desestatização das rodovias que tenham interesse pra o setor privado, pra que eles deem condições de trafegabilidade a nível A, em primeiro mundo, como é feito em São Paulo. Porque todo mundo diz que São Paulo tem as melhores rodovias do país? Porque a malha que tem interesse para o setor privado, o estado entrega ao setor privado pra deixar naquelas condições e sobra dinheiro para investir na malha que não tem interesse pro setor privado.
Então, o que nós queremos fazer é baseado no plano nacional de logística de transportes, que foi criado por Dr. Marcelo Perro Pato, desde 2004 e que tem uma consonância com o orçamento do PPA do país até 2023 e que ele coloca isso exatamente como segundo eixo de desenvolvimento. Primeiro eixo dele, conservar e manter as rodovias atuais, ou seja, o maior patrimônio físico que Pernambuco tem são as rodovias do estado. Temos aí de rodovias pavimentadas, hoje, 5.380 quilômetro de rodovias estaduais, quando nós assumimos isso não chegava a quatro mil quilômetros. O governo Eduardo expandiu a malha viária, nesses oito anos, em mil e duzentos, mil e trezentos quilômetros de malha viária.
Então, a principal oportunidade de entregar esse segundo eixo de desenvolvimento, seria exatamente, pegar as rodovias que tinham o interesse da iniciativa privada e fazer um estudo de viabilidade econômica. E todas essas leis que nós queremos fazer estão amparadas em duas leis, de 95 que fala de concessão, ou de 2004 que fala do tipo de concessão patrocinada que é a PPP. Então, nós estamos absolutamente amparados dentro da lei, e achamos que pra Pernambuco subsistir e ter uma malha viária que dê gosto à população, só há essa alternativa. E entregar os eixos de corredor que estão da iniciativa privada pra sobrar dinheiro e investir nas estradas do sertão que não tem interesse nenhum da iniciativa privada.
FAROL: Voltando para a nossa aldeia, Serra Talhada, o que vai ser mais fácil destravar, em sua opinião: Terminal Rodoviário, construído em 1974. Ou o aeroporto, que também é uma demanda da classe empresarial?
S.O.: Eu acho que nesses dois anos dá pra destravar nesses dois anos, o que não faz parte das prioridades das metas de governo de Paulo Câmara. O que Paulo Câmara assumiu, nesses primeiros quatro anos, no setor de transportes com Serra Talhada, foi a construção da Pe-114, que é a que liga o destroncamento da BB-232 ao distrito de Bernardo Vieira e do distrito de Bernardo Vieira à divisa com o estado da Paraíba, dando assim a conectividade viária com o nosso estado irmão, como nós fizemos lá no distrito de Santa Rita.
Que eu vou ter a honra de concluir a obra, a obra que eu comecei, que eu pensei, licitei, que eu fiz projeto básico, executivo, que é a Pe-418 que eu vou ter a oportunidade de inaugurar o trecho completo, ou seja, o segundo trecho que vai de Santa Rita à Paraíba será inaugurado por mim, concluído por mim e pelo governador Paulo Câmara.
Então, eu fico muito feliz de Deus ter me dado essa oportunidade de tá concluindo uma obra que eu pensei, mas vamos ter o fórum de Todos por Pernambuco, que vai aconteceu no Pajeú. E que em 2007 aconteceu em Afogados da Ingazeira, em 2011 aconteceu em Serra Talhada. E nesse fórum de debates de Todos por Pernambuco, é importante que a classe empresarial, a sociedade civil organizada de Serra Talhada, a população participe e coloque nesse Fórum que essas duas obras são prioridade pra o povo de Serra Talhada, aí vai caber a mim, depois da outorga do governador, encaminhar esses dois projetos.
O aeroporto vai ter uma facilidade por questão do pensamento nacional hoje, o pensamento nacional é investir em aeródromos regionais. Existe aí, um plano de investimentos logísticos, o Pil, nós já estamos estudando em cima do nosso projeto, já tá aqui o plano de investimento em logística, que está exatamente carreando investimentos para aeroportos regionais.
Mas só se viabiliza um aeroporto regional em Serra Talhada, se tiver interesse de uma aviação comercial, não adianta a classe política, a classe política, a classe comercial, a classe médica, a classe universitária pensar em ter um aeródromo, porque não adianta eu construir um aeródromo de porte e dele não ter nenhuma aviação comercial para fazer esse transporte.
Eu acho que a lógica precisa ser invertida, a gente precisa apresentar uma carta de intenção, primeiro, a uma aviação comercial para que a aviação comercial se manifeste, que tenha interesse em ir para Serra Talhada. Aí nós vamos captar recursos com o Pil, que está ligado ao Banco do Brasil, nós vamos captar esses investimentos e aí nós vamos fazer um aeródromo. Não adianta ter gaiola de ouro sem ter um canário bom pra cantar, eu entendo dessa forma.
FAROL: Vamos mudar agora para a esfera política, o senhor chegou a dar declarações convidando o ex-deputado Inocêncio Oliveira à secretaria executiva, ele já deu a resposta desse convite?
S.O.: Ainda não, ele ainda não deu resposta. Eu espero que a resposta dele seja sim, porque em toda secretaria existe uma migração política pra secretaria, e não tem como a gente não atender. Nós fomos secretários de todos os pernambucanos, como é que eu vou deixar de atender o prefeito de uma cidade, o prefeito de outra cidade. São 184 municípios, são vários atores políticos dentro de cada cidade, que nos levam demandas de várias cidades.
E essas demandas precisam ser colhidas por alguém, às vezes esses atores políticos não querem ser atendidos por outra pessoa que não o secretário, e muitas vezes esse secretário tá em um monitoramento, tá em Brasília captando recurso, tá visitando uma obra, tá fazendo um gabinete de crise dentro de uma obra importante pra sair, tá na Compesa, pra tentar resolver com a Compesa uma interferência de uma adutora que esteja passando na estrada, tá na Celpe tentando resolver uma questão energética que tá passando de interferência que tá passando na estrada.
Então, o secretário, com esse modelo de gestão de Eduardo, ele tem pouca chance de fazer a parte da triagem política da secretaria. E acho que a melhor pessoa indicada para fazer isso é o deputado Inocêncio Oliveira, que gosta de ouvir, que gosta de encaminhar, que gosta de dar soluções. E eu acho que isso seria importante para mim, pra Pernambuco, pra secretaria e pro próprio deputado Inocêncio Oliveira.
FAROL: Deputado Sebastião, para finalizar, dá para o senhor ajudar alavancar o tão sonhado anel viário do prefeito Luciano Duque? Se o prefeito chegar a lhe procurar pra pedir ajuda pra consolidar esse sonho do anel viário, o secretário está disponível, de braços abertos pra recebê-lo?
S.O.: Eu estou de braços abertos, sou o secretário de todos os pernambucanos. Não posso rechaçar nenhum ator político que me procure para fazer uma obra tão importante. O plano nacional viário já diz que as grandes rodovias não devem passar pelas cidades.
Um contorno a cidade de Serra Talhada, ele deve ser pensado num futuro muito próximo, porque há muitos acidentes com pessoas que trafegam naquela Br, pessoas que trafegam para Salgueiro, pra Araripina, pro Ceará, que não precisavam necessariamente passar dentro da parte urbana de Serra Talhada. Então, esse projeto eu acho que é um projeto urgente pra Serra Talhada, fazer o contorno viário da nossa cidade. Obedecendo assim o sistema nacional viário, o plano nacional viário, que diz que rodovia de alto fluxo não deve passar por dentro do sistema urbano por uma questão de segurança.
Ninguém vai quebrar a atual BR que existe dentro, passando em Serra Talhada, mas que aquela BR sirva pra quem vai fazer negócio em Serra Talhada, quem vai entrar em Serra Talhada. Obviamente, um caminhão que tiver uma carga grande de transporte, quem tiver transportando, se pra Salgueiro, pra Araripina, pra Petrolina precisa passar pela cidade e expor a população a risco e a um aumento de impactação na mobilidade daquela região.
Que você sabe, hoje é um dos grandes problemas da nossa cidade. Então, eu acho que nós devíamos pensar o contorno da cidade, junto com o anel viário. Seria uma grande obra pra Serra Talhada, uma obra estruturadora, importante e também levaria à segurança da nossa cidade.
FAROL: O senhor estaria aberto a receber um projeto do prefeito, por exemplo, pra discutir essa história?
S.O.: Totalmente, na época que eu fui secretário eu era adversário político do deputado Augusto César Filho e o recebi com maior carinho na minha secretaria, e em cinco meses do pleito que ele encaminhou juntamente com a CDL, nós construímos aquele pátio de eventos.
Que é o pátio Waldemar Oliveira lá, que serve para os grandes eventos da nossa cidade, que é a Exposerra e o Festival da Juventude. Então, acho que estou aberto sim à conversa, já disse a você, estou desarmado. Agora, eu sou secretário de todos os pernambucanos.
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