Sem valorização, enfermeira faz desabafo

Publicado às 05h25 desta segunda-feira (23)

Por Gemima Santos, enfermeira

Até quando? Hoje mais uma vez sinto a necessidade de chorar, de gritar, de colocar um fim nessa rotina. Tenho poucas horas de descanso e não posso me dar ao privilégio de uma rotina saudável. Estou exausta por dentro e por fora, estou contando centavos para pagar passagens e ir trabalhar.

Não estou bem, não dormi direito, tive taquicardia e nas poucas horas de sono, tive pesadelos. Então, tomei café e peguei caderno e caneta para escrever com muito cuidado para não ser frágil e perder o meu rótulo de guerreira.

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Estou sem forças para continuar, estou desistindo de mim, dos meus sonhos e planos. Frustrada talvez seja a palavra, cansada de me humilhar, de pedir, implorar a quem de fato pode ajudar. Mas a política, sempre a política é quem decide o meu destino, meu salário.

E a conquista do tão sonhado concurso público, a conquista que encheu meu peito de orgulho, me deixa confusa, angustiada. Me sinto mutilada, cansada, sozinha. Estou sacrificada, não recebo auxílio de nada, me sustento, assumo responsabilidades comigo, ao menos tento.

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E esse tentar diariamente, viver dignamente, está me matando. Todo os dias me pergunto: será que hoje aguento? Até quando vou aguentar viver assim? Longe da minha família, sem realizar meus sonhos, sem viver o que amo, escrever meus versos, poemas, contos.

Até quando? Será que esses governantes não enxergam o quanto a nossa classe tem sofrido?
Será que todo nosso esforço diário não valeu nada foi? E não foi só na Pandemia, nosso esforço é todo dia. Até quando? Sou enfermagem, não sei até quando.

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