Serra Talhada é uma cidade madrasta na preservação

Publicado às 06h deste sábado (18)

Por Adelmo Santos, Poeta e escritor, ex-presidente da Academia Serra-talhadense de Letras

Às vezes eu fico pensando vendo o progresso chegando, assim como um vendaval. Mudando todo o cenário derrubando os prédios antigos ou deixando abandonados, como se não servissem mais.

Eu fico imaginando se não daria para a cidade ir crescendo preservando o Patrimônio Arquitetônico Municipal, resguardando a sua história do tempo colonial.

Eu fico me perguntando o que fizeram com o CIST, com o Coreto e o Bar do Abrigo, com o Cine Art e o Cine Plaza, e chego à conclusão que Serra Talhada é uma cidade madrasta. Não preserva a sua história e quanto mais o tempo passa, vai perdendo a identidade e ficando sem memória.

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O C.I.S.T. está em ruínas, tem várias casas abandonadas com muita gente foi embora, deixando Serra Talhada. Tem cidadão que partiu pro Oiapoque ao Chuí, pelos cantos do Brasil. Serra Talhada é uma cidade madrasta pra quem nasce no lugar. Eu voltei de atrevido, mas eu tenho vários amigos que não vem nem passear.

A cidade só é boa quando a gente é menino, sem se preocupar com nada, sem ter contas pra pagar. Quando chega a fase adulta que precisa trabalhar, o emprego é uma disputa. É preciso ter um padrinho para poder conquistar.

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É como todas as cidades desse sertão nordestino, que tem duas ou três famílias controlando o destino. Isso é desde os coronéis perseguindo Virgulino, com o nariz cheio de rapés, e os políticos mentindo, com o povo aos seus pés.