Foto: Divulgação
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Na manhã dessa terça-feira (23), o condutor socorrista José Alberto de Almeida, que prestava serviços para o Serviço Móvel de Atendimento de Urgência, SAMU, na base descentralizada de Afogados da Ingazeira, procurou a reportagem do Farol de Notícias e mais alguns veículos da imprensa regional para anunciar o encerramento de suas atividades laborais nesta função.

De acordo com o profissional, há uma série de irregularidades no que diz respeito ao funcionamento do equipamento e a decisão foi tomada após uma reunião com a equipe do setor administrativo e segue para instância jurídica, na busca pela efetivação dos seus direitos e das condições dignas de trabalho. Ele aponta que funcionários teriam valores a receber da prefeitura, em relação ao ano anterior, que giram em torno de R$ 10 mil reais.

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Confira o relato:

“Eu quero falar também em alguns meios aí em Serra, porque a nossa central é em Serra, então eu quero que faça chegar essa mensagem para toda a população, para que outros municípios também não incorram no mesmo descaso, de achar que o SAMU está aí, que está tudo bem, não olhar para o funcionário, não dar condições suficientes, adequadas para o funcionamento, tipo uma base, construir uma base de forma respeitosa com o funcionário, nós não temos uma base até hoje”

Foram várias irregularidades, a gente ficou sem contrato, a gente ficou, como se diz no mercado privado, sem carteira assinada, sem cobertura nenhuma em relação ao serviço do SAMU. Imagina se eu estou em uma ocorrência, e por acaso, uma ocorrência, um paciente surtado, a gente vai com a PM e tal, mas já ocorreu o paciente enfrentar a polícia. Imagina uma situação hipotética, eu levo um tiro em uma ocorrência, eu me machuco em uma ocorrência, de forma grave ali na ocorrência, qual a cobertura que eu tenho se eu estou como prestador de serviço? O serviço de SAMU, Urgência e Emergência Atendimento, não pode funcionar dessa forma.

É tanto que o Ministério Público aí em Serra Talhada exigiu que se fizesse um processo seletivo, ou concurso público, é a forma correta de se gerir esse serviço. Mas enfim, ficamos dessa forma, ficamos na ilegalidade o ano inteiro. Então, cheguei à decisão que estou saindo, procurei o gestor em primeira mão para falar, expor a situação, pedi reivindicações, vi se tinha um meio de acertar alguma verba rescisória comigo”, disse o servidor, continuando:

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“Ele disse que não, porque estávamos sem contrato, e eu questionei, mas quem decidiu que ficaremos sem contrato? Nós não fomos consultados, então a gente foi lesado, mês de janeiro a gente esperando um reajuste, em fevereiro nada, e seguiu-se o ano todo. Então, falei para ele todas essas questões, ele disse que não teria como legalmente, e eu entendi. Ele (Sandrinho Palmeira) mandou procurar a justiça e ver essas questões. Porém, eu preciso dar uma resposta à sociedade com relação a isso, toda a população, eu preciso trazer e expor essa situação, que nós, todos os funcionários do Samu, esse ano, ficamos nessa situação irregular, sem terço de férias, colocaram a gente no repouso um mês, pagaram só o salário, o terço de férias não, porque vocês são prestadores de serviço. Vocês são prestadores de serviço, gente, vocês não têm direito”.

“Final de ano agora, sem décimo terceiro, coordenação, gente, vocês são prestadores de serviço, vocês não têm direito a décimo terceiro, mas quem decidiu que ficaríamos o ano inteiro nessa situação de irregularidade e de prejuízos? Então, assim, eu preciso expor isso para a população e também para todo o Samu, a nossa Central em Serra, para que se faça conhecido e que outros gestores não se deixem levar por essa mesma situação de desgoverno, de desrespeito com funcionário, de desonra, de afetar a dignidade do funcionário, dificultar o seu trabalho, um funcionário num trabalho tenso, de emergência, fazendo socorro de vítimas, se ele não está bem fisicamente e psicologicamente, nós sabemos que ele tem que lutar para prestar um bom trabalho, então aí, questões morais aí, assédio e tudo mais. A nossa base em Afogadas da Ingazeira, nunca tivemos uma base aos moldes do Samu, uma casa, garagem, repouso masculino, repouso feminino, não”,

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SEM ESTRUTURA

“Colocaram a gente numa UBS, mandaram adaptar a garagem, colocaram as viaturas lá na garagem, deram preferência às viaturas e o capital humano pegaram o condutor, socorrista e a técnica de enfermagem, ou técnico e vice-versa, porque hoje tem condutoras também e técnicos e assim, varia, mas geralmente técnica mulher, condutor homem, plantão de 24 horas dentro de um ambiente, um quarto pequeno, abarrotado de medicações, produtos de limpeza, um banheiro, sem privacidade, de forma indigna, uma coisa constrangedora, você imagina os problemas internos e externos, porque isso transborda, vai até a família, o marido não gosta, a esposa numa situação dessa, isso é ilegal, o marido não gosta, a esposa do condutor não gosta, porque com razão, é uma situação constrangedora, não é normal, não é padrão Samu, isso aí não”.

“Então, a minha reivindicação a ele foi que revisse essa questão, construísse a base nova, ele disse que está construindo, mas ninguém vê, mas já se passaram 4 anos e a gente continua lá, imprensado lá, numa questão, uma coisa, uma desordem. Então eu falei, remunere os condutores, mostrei exemplo de Carnaíba, o contracheque de Carnaíba, o pessoal de Carnaíba está sendo gerido por uma empresa terceirizada, tipo um OS, está prestando serviço, tudo certinho, direitos, férias, décimo, mostrei pra ele, disse, faça isso e eu estou junto com o senhor, eu estou aqui falando com o senhor, porque eu vim falar primeiramente com o senhor, porque eu quero estar junto pra ajudar, mas ele não deu importância e não fez muito, mandou procurar a justiça e não me deu nenhuma garantia, então a liberdade de expressão é tudo nessa hora, a gente poder expor, poder falar, lavar a alma, por assim dizer, de uma situação gritante, ao extremo de irregular”.

A provocação do servidor foi feita ao prefeito de Afogados da Ingazeira, Alessandro Palmeira. A repirtagem tentou contato com a comunicação da prefeitura, e não obteve retorno. A Central do Samu de Serra Talhada ainda não se pronunciou sobre o assunto