O governo da Venezuela desvalorizou nessa quarta-feira (17) sua moeda em 37% e subiu, pela primeira vez em mais de 20 anos, o preço da gasolina mais barata do mundo. A alta do combustível chegou a mais de 6.000%. As medidas são uma tentativa de combater a grave crise econômica que assola o país petroleiro. O presidente Nicolás Maduro pediu que os venezuelanos apoiem suas decisões, afirmando que se trata de medidas “necessárias”.
Segundo Maduro, os novos preços do combustível devem assegurar “o pagamento do que se investe para produzi-lo”, assim como o funcionamento da petroleira estatal PDVSA. O presidente afirmou que apenas 30% dos veículos do país necessitam desse tipo de gasolina de alta octanagem, mas que 70% a utilizam devido à pouca diferença de preço com a de 91 octanas.
“Gastamos cerca de US$ 1 bilhão para fazer a gasolina de 95, poderíamos economizar US$ 800 milhões com o novo sistema de preços, que podem ir para alimentos e medicamentos”, disse Maduro. Segundo o chefe de Estado, 30% dos rendimentos provenientes do novo sistema de preços irão para a Missão Transporte, que inclui programas de auxílio ao transporte público.
Taxa de câmbio e salário mínimo
Maduro também anunciou que a mais forte das taxas de câmbio oficiais do país, usada para itens básicos, como alimentos e medicamentos, passará de 6,30 bolívares para cada dólar para 10 bolívares por dólar. Outro tipo de câmbio, que o líder venezuelano classificou de “complementário e flutuante”, ficará em 203 bolívares por dólar.
Maduro também anunciou a alta dos preços controlados para uma centena de serviços e produtos. Na tentativa de amenizar o impacto das medidas, que podem pressionar a inflação, o presidente também decretou um aumento de salário mínimo de 20%, para 11.578 bolívares.
Crise e lembranças do “Caracaço”
A Venezuela enfrenta uma profunda crise – caracterizada por uma recessão econômica, a inflação mais alta do mundo e escassez de bens básicos –, que se agravou com a queda dos preços do petróleo, sua principal fonte de divisas.
O aumento do preço dos combustíveis é um tema sensível no país, que detém as maiores reservas de petróleo cru do mundo. Em 1989, o então presidente Carlos Andrés Pérez empreendeu uma série de ajustes econômicos, incluindo o aumento da gasolina, que levaram a protestos violentos conhecidos como “Caracaço”. A partir de então, os venezuelanos assumiram como um direito adquirido desfrutar da gasolina mais barata do mundo.
Do Portal Terra
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