Na manhã desta terça-feira (6), homens, mulheres e crianças do bairro Mutirão, em Serra Talhada, ocuparam o prédio de luxo que está sendo construído pela construtora Duarte Carvalho, no bairro AABB. A construtora é responsável também pelas obras de urbanização no Mutirão, onde os trabalhos estão parados desde o mês de dezembro. Os moradores reclamam que, enquanto as obras do prédio Jardins da Serra estão a todo vapor, no bairro mais pobre da cidade os trabalhos não andam e os salários não são pagos.

A ocupação começou às 5h, quando uma comissão de operários que foram demitidos e sequer receberam indenização, entraram no prédio em construção. Logo em seguida, famílias inteiras começaram a entrar no prédio de forma pacífica. Alguns não escondiam a surpresa em observar apartamentos grandes, organizados e com cerâmicas. Segundo a líder comunitária, Regina Gualberto, a ocupação não tem hora e  nem tem dia para terminar. “Iremos trazer panelas, colchões, enfim, o necessário para o acampamento. Ninguém aguenta mais esta falta de respeito”, disse.

No entanto, a construtora Duarte Carvalho explicou que todo o problema é culpa da falta de repasse de recursos do Governo do Estado e que, por isso, não pode pagar e dar continuidade às obras com o dinheiro do próprio “bolso”. A empresa chegou até a emitir nota ao Ministério Público explicando o fato. Logo na entrada do prédio foram colocadas faixas com os dizeres: “Senhor governador, cumpra o que prometeu”. Há muita revolta em função das inúmeras promessas feitas por aliados de Edurado Campos e o total silêncio da Companhia de Habitação de Pernambuco (CEHAB).

Sem salários

Um dos símbolos da ocupaçao é o operário Francisco de Assis da silva, 39 anos, que trabalhou seis meses para Duarte Carvalho mas sequer receceu os salários. Ele é pai de oito filhos e chegou no Jardins da Serra na companhia da esposa e de dois filhos pequenos.

“Trabalhei e preciso receber. Moro de  aluguel e passo necessidades. Estou no meu direito e cansei de humilhação”, desabafa o operário, que tem o total apoio da esposa. Já a dona de casa Maria Luzinete, que mora há 20 anos no Mutirão, diz que concordou em ocupar para ter a certeza que as obras serão recomeçadas. “Eles começaram a obra e não terminaram. Estamos lutando por justiça”, disse dona Luzinete.

Fotos: JS Fotografia

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