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Instrutor Nego, Francisco Morais e alguns dos pequenos capoeiristas acionaram o FAROL em defesa do apoio à cultura afro-brasileira em Serra Talhada 

Fotos: Farol de Notícias / Alejandro García

A cultura negra em Serra Talhada sempre sofreu dificuldades para se estabelecer como parte do acervo identitário do povo da Capital do Xaxado. Como exemplo, temos a Fundação Cultural Afrobrasileira de Capoeira Muzenza, que atende cerca de 150 crianças, adolescentes e jovens de bairros carentes do município, mas passa por dificuldades e faz um verdadeiro movimento de resistência. Nesta semana, os presidentes da instituição, o instrutor Nego da Capoeira e Francisco Morais, repercutiram na mídia uma reclamação contra o secretaria de Cultura, Anildomá Williams, por falta de apoio financeiro e divulgação da capoeira no município. Os capoeiristas afirmam que “Domá” só prioriza o xaxado na cidade.

“A capoeira foi trazida para o Brasil por mãos negras dos africanos e infelizmente o secretário não está atendendo a demanda da gente, eu fico triste. Uma boa pessoa, mas como secretário não está fazendo. Nós pedimos camisas e calças, que dá uns R$500 não recebemos, mas graças a Deus conseguimos. Sempre tivemos o apoio das secretarias de Esportes e Educação, mas um secretário de cultura é que é para atender esta demanda. Tudo que precisamos temos que falar com o prefeito, não existe isso”, explicou, com indignação, o instrutor Nego.

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Instrutor Nego exibe os ofícios com solicitações não atendidas pela secretaria de Cultura

As ajudas de custo solicitadas pela Fundação Cultural Afrobrasileira de Capoeira Muzenza além de garantir materiais para as crianças, adolescentes e jovens que participam do projeto, ajudaria na organização do XV Encontro Nordestino de Capoeira Muzenza que acontecerá nos dias 17 e 18 de julho, em Serra Talhada. O evento trará mestres e contramestres de capoeira de diversos estados nordestinos, além de um renomado mestre de capoeira do Rio de Janeiro, o mestre Burguês. Francisco e o instrutor Nego contam com a contrapartida pública para a realização do evento.

CAPITAL APENAS DO XAXADO?

O vice-presidente da instituição, Francisco Morais, enfatizou o quanto o projeto é importante para as crianças que atende e reitera que a Secretaria de Cultura de Serra Talhada só promove e investe em eventos e na divulgação do xaxado, esquecendo as outras manifestações culturais da cidade.

“Ele (Anildomá) se prontificou a nos ajudar, várias vezes o procuramos pessoalmente, telefonei e ele sempre daquele jeito, mal educado, sem querer atender. O que eu acho interessante é que se fosse o xaxado era só estalar o dedo que estava lá tudo bonitinho. Ele se prontificou a ir à rádio dar uma satisfação, mas ele sabe que está errado e nem vai”.

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