imigrantesA Prefeitura de Calizzano, cidade de 1,5 mil habitantes situada na região da Ligúria, noroeste da Itália, pediu para solicitantes de refúgio não usarem as mesmas linhas de ônibus utilizadas por estudantes para irem à escola.

A decisão foi tomada pelo prefeito Pierangelo Olivieri, de centro-direita, após a Província de Savona, onde fica Calizzano, ter enviado 40 imigrantes para a cidade. Segundo o chefe municipal, os solicitantes de refúgio protagonizaram confusões no ônibus dos alunos, que passa em frente ao hotel que os hospeda.

“Houve episódios desagradáveis com algumas garotas, por isso obtivemos o compromisso da cooperativa Il Faggio, que cuida dos imigrantes, de convidá-los a não subir naqueles ônibus, a menos que seja estritamentenecessário”, declarou o prefeito, que negou estar cometendo um ato de racismo ou intolerância.

“Depois das brigas e dos episódios nos ônibus, o clima mudou. Não quero que a cidade vire um barril de pólvora. Além disso, a licença do hotel é para 24 imigrantes, não para 40. Pedirei à Província que respeite esses parâmetros”, acrescentou, sem especificar que problemas teriam ocorrido nos veículos.

Olivieri quer que os solicitantes de refúgio evitem os coletivos das 6h30 e 6h45, que costumam passar repletos de estudantes, e peguem os seguintes, impedindo superlotação e possíveis confusões com os jovens.

Por sua vez, a cooperativa desmentiu Olivieri e disse que é “impossível concordar com a hipótese da divisão”. O caso provocou tamanha polêmica que foi motivo de uma longa reunião na última terça-feira (11) na sede da Província de Savona, após a qual o prefeito garantiu estar aberto a “temas de acolhimento”.

“Só procurei uma solução em um contexto dificílimo para uma comunidade como a nossa. Não há nenhum procedimento, nenhum veto, mas apenas o pedido aos solicitantes de refúgio de usar um meio diferente daquele dos jovens”, ressaltou.

Calizzano foi uma das primeiras cidades na região a se disponibilizar para receber imigrantes e chegou até a ganhar reconhecimentos nacionais por isso. Ainda assim, a vereadora Raffaella Paita acusou o prefeito de promover um “apartheid”.

Apenas em 2016, a Itália já recebeu mais de 140 mil imigrantes ilegais via mar Mediterrâneo, número que na Europa só a deixa atrás da Grécia, com 167 mil.

 

Do Jornal do Brasil