DSC_0033Foto: Alejandro García/Farol

Na madrugada desta quinta-feira (22), Serra Talhada se despede de uma das mulheres que fizeram história na cidade, a senhora Beatriz Simões da Silva, 104 anos e 10 meses, mãe da professora Marluce Simões. O FAROL em condolências, deseja muita força e fé a D. Marluce e sua família. Preparamos uma homenagem a D. Beatriz, a primeira cabeleireira da Capital do Xaxado, uma grande mãe e mulher exemplar. O sepultamento acontece nesta quinta-feira, às 17h.

Em conversa com sua filha, Marluce Simões, ela nos relatou que sua mãe foi uma mulher a frente de sua época. Como a primeira cabeleireira de Serra Talhada, D. Beatriz cuidou da beleza das senhoras e das jovens serratalhadenses durante 45 anos.

“Só existia ela e era muito avançada para a época porque além de cortar, dava permanente a fios e a vapor, o que poucas cabeleireiras conheciam. Ela mesma preparava uma banha de alisamento, ela tinha a fórmula, preparava. Tanto alisava em casa, quanto vendia a varejo essa banha para alisar cabelos”, relata em entrevista Marluce Simões.

Foto de dona Beatriz Simões cedida pela família ao FAROL

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FÉ INABALÁVEL

A professora Marluce lembra de sua mãe com carinho e enfatizando o amor que tem por ela. “Minha mãe, eu posso dizer, entre as mães, que se eu tivesse o direito de escolher uma mãe não outra mãe seria, seria ela mesma. Guerreira, uma mulher de uma fé inabalável, companheira, amiga de todas as horas. Uma coisa que mais me chama atenção na minha mãe, além da força, da fé, do exemplo, da coragem. Ela sempre estava ao lado de quem precisava, era uma mãe que viveu única e exclusivamente para os filhos, a família, os amigos”.

COSTUREIRA DE MÃO CHEIA

“Todas as histórias com a minha mãe foram emocionantes, desde que eu me entendi de gente ela era sempre quem fazia minhas roupas de São João. Eu sempre tirava em primeiro lugar. Durante o dia ela trabalhava na sua profissão de cabeleireira, e à noite ela ia à máquina. Costurando na luz do candeeiro, porque as luzes se apagavam sempre as 10, 11 horas da noite e ela ficava fazendo minhas roupas de São João para eu dançar quadrilha na festa de São João da escola Normal (atual colégio Imaculada Conceição), onde eu era aluna. Sempre havia concurso e com a roupa eu sempre ganhava em primeiro lugar”, relembra a filha emocionada.

MÃE GUERREIRA

D. Marluce finaliza a entrevista rememorando todos os esforços da mãe para dar-lhe uma boa educação e apoiá-la em suas conquistas.

“Ela me acompanhou em todos os momentos da minha vida, na minha primeira comunhão, me batizou da melhor maneira possível, me orientou em tudo. Tudo de bom que eu sei, devo a ela, as coisas ruins eu aprendi com o mundo, mas ela não deu esse exemplo. Meu sonho era advocacia, mas como ela não tinha recursos, apesar de meu pai ser um homem de posses, mas ela só podia chegar até ao magistério, que foi até onde eu cheguei. Com todo direito à formatura, com direito a anel. Naquele tempo quem deu meu anel foi meu pai, em 59. Mas na Licenciatura Plena foi ela quem deu”.