Por Paulo César Gomes, Professor, escritor e pesquisador serra-talhadense / Foto: Arquivo Farol de Notícias

O prefeito Luciano Duque, com a autorização da Câmara de Vereadores, acaba de cometer um crime contra a história, a memória e a cultura da cidade com a publicação da Lei nº 1.561. Uma lei que se quer foi debatida com os diversos seguimentos culturais e que acabou ferindo de morte a Casa da Cultura de Serra Talhada.

A lei positivamente avança no sentido da transparência e da democratização. Porém, equivocadamente tira a autonomia da instituição e muda a sua personalidade jurídica. Sendo que um dos piores erros é o fato de mudar o nome. Mudar o nome de um órgão que se tornou o guardião da história e da memória da cidade.

Mesmo que atualmente ela seja uma instituição inoperante – fruto de um embate pessoal e político -, é preciso que se destaque o legado construído pela Casa da Cultura ao longo de quase 30 anos. Foi através de inúmeras visitas apaixonantes que eu passei a tomar conhecimento de fatos e acontecimentos marcantes da cidade. Relatos que não estão em livros, até porque são raras a publicações sobre a história de Serra Talhada.

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Ao trocar o nome de Fundação Casa da Cultura de Serra Talhada por Fundação Cultural de Serra Talhada, o prefeito e seus geniais assessores repetem a mesma formula já usadas com freqüência na cidade há décadas. Essa é a mesma prática que fez com que nomes de ruas e de praças fossem trocados ao bel prazer da classe política, varrendo da memória coletiva da população as suas lembranças e a sua identidade.

A verdade é que a cultura de Serra Talhada tornou-se uma disputa de “egos”, onde os espaços se tornaram “feudos”. Nessa disputa de vaidades perdemos todos, infelizmente! Não é preciso muito arrodeio para dizer que nem a Casa da Cultura e nem a Secretaria de Cultura cumprem o seu papel original.

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Tudo que a Secretaria faz hoje, faria se fosse uma diretoria, isso porque praticamente todas as ações são realizadas através de editais, o que até uma ONG poderia fazer, basta apenas que domine as burocráticas planilhas desses excludentes editais.

A Casa da Cultura é um patrimônio cultural e afetivo de Serra Talhada, não é um bem pessoal de Tarcísio Rodrigues, de Domá, de Luciano Duque ou de qualquer outro ilustre serra-talhadense. A Casa é do povo, ela é nossa! Mudar muitas vezes é preciso, mas também se faz necessário que se adote um jeito novo de se fazer cultura. Uma cultura feita sem paixões cegas, sem vaidades e sem desejo de vingança.

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Uma cultura que construa e que não destrua… que não apague!  Uma cultura que não propague uma espécie de “vírus” que estimula o surgimento de uma “amnésia coletiva” que leva a deformação e mutação da história e da memória de Serra Talhada.