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Fotos: Farol de Notícias/Alejandro Garcia

Reportagem: Paulo César Gomes

O uso do ferro como matéria prima para confecção de ferramentas tem sua origem ainda na pré-história. Com o advento da Revolução Industrial o ferro passou a ser um importante elemento para o desenvolvimento da economia mundial.

Contrastando com essa estrutura de produção em massa, a figura do ferreiro ainda sobrevive em várias regiões do Brasil e do mundo. Trabalhando de forma rudimentar, esses profissionais nos remetem as tradições mais antigas da humanidade, aonde o homem moldava o metal para fins meramente de sobrevivência (plantar, caçar, pescar e defender).

Em Serra Talhada encontramos dois ferreiros da mesma família, que demonstram a força dessa tradição milenar, que mesmo com toda a tecnologia, sobrevivem às adversidades. Foi na companhia do grande Alejandro Garcia, repórter fotográfico, que entrevistamos Ivanildo Pedro e Ivanilson Pedro, pai e filho, que trabalham diariamente moldando peças de ferro para agricultores.

“A GENTE PEGA UM PEDAÇO DE FERRO E COLOCA NO FOGO A UMA TEMPERATURA DE MAIS DE 800 GRAUS”

Ivanildo Pedro dos Santos e Ivanilson Pedro dos Santos, trabalham cerca de 44 horas semanais, 8 horas por dia, em um espaço pequeno e sem muita estrutura. Nesse espaço – que é locado -, os ferreiros forjam instrumentos usados por agricultores, como a chibanca, a enxada, a foice, entre outros. As peças podem custar de R$ 20 a R$ 100.

O processo de produção na lógica parece ser simples, já que são feitas a partir do aproveitamento de peças (barras) que não são mais usados em carros e caminhões, como por exemplo, as molas. No entanto, a falta de equipamentos de segurança deixa pai e o filho expostos a própria sorte.

“A gente pega o pedaço de ferro e coloca no fogo a uma temperatura de mais 800 graus. Já perdi as contas do tanto de queimadura que já levei”, explica Ivanildo Pedro. Ele destaca que só usa os óculos para proteger os olhos na hora que afina os equipamentos no esmeril, “quando a gente vai usar o esmeril coloco os óculos. Não usamos proteção nas outras coisas, se queimar, queimou!”.

Mas apesar das falta de estrutura, pai e o filho trabalham de forma cautelosa e com muito sincronismo. O som produzido pela sequência alternada das batidas lembram, ainda ligeiramente, os acordes de uma música. “Na hora de bater para moldar a peça eu fico batendo de um lado e ele do outro, sem perder o ritmo até o objeto ficar moldado” relata Ivanildo.

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UM TRABALHO QUE UNE A FAMÍLIA

Ivanilson Pedro dos Santos, 19 anos, estudante do 1º ano do ensino médio, vence a timidez ajudando e aprendendo o ofício do pai. “Tenho orgulho da minha profissão e fico feliz em passar o que sei para o meu filho”, diz Ivanildo Pedro sem disfarçar a alegria em trabalhar ao lado do sucessor.

É com o trabalho artesanal da dupla que as despesas da família são custeadas. “Graças a Deus trabalho não tem faltado. Toda hora tem um pedido para ser feito. E assim a gente segue trabalhando e ajudando a família. Eu de um lado lado e meu filho do outro”, conclui Ivanildo Pedro.

Um forte abraço e até a próxima reportagem da série “Profissões Esquecidas”!

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Ivanildo Pedro tem orgulho de passar o ofício para o filho

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Aos 19 anos, Ivanilson já enfrenta uma temperatura de 800 graus

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