
Amorim, que subiu no palanque do então candidato a prefeito – Luciano Duque – durante as eleições de 2012, teceu duras críticas à política agrária do PT. E disse que a gestão para os menos favorecidos do campo avançou pouco porque Lula e Dilma Rousseff preferiram apostar na expansão e desenvolvimento do agronegócio. Vale a pena conferir o bate papo!
FAROL – Serra Talhada dá a sua contribuição para fortalecer a luta em favor da reforma agrária no Brasil. O Movimento Sem Terra (MST) no município pode ficar tranquilo com as suas conquistas?
Jaime Amorim – Serra Talhada é importante neste contexto, pois temos aqui como base principal o assentamento Virgulino Ferreira, em homenagem a toda esse luta histórica e cultural. Mas existe ainda muito o que fazer por aqui. Uma região como essa não pode mais conviver com o latifúndio atrasado e arcaico. Resolver o problema do latifúndio é resolver um problema histórico da questão agrária. E para um município como esse é fundamental corrigirmos isso. Serra Talhada acho que tem uma vocação para a pequena agricultura e para o desenvolvimento da agro-ecologia, e de uma produção menos agressiva do ponto de vista ambiental e também do ponto de vista produtivo.
FAROL – O senhor acredita que o MST recebeu o devido apoio do PT a frente do governo para o fortalecimento do ideal da reforma agrária?
Jaime Amorim – Infelizmente essa é a frente que menos avançou nos governos Lula e Dilma. Mas há um compromisso nosso de continuar lutando e nós esperamos – a Dilma deve estar aqui em Pernambuco na semana que vem – e esperamos que ela assuma o compromisso de, principalmente, garantir que todos os grandes polos de irrigação sejam transformados em área de reforma agrária. Essa é a nossa grande batalha de hoje em diante junto ao governo federal.
FAROL – Então o MST tem enfrentado dificuldades para atuar plenamente no governo petista…
Jaime Amorim – O Governo Federal acabou desestruturando o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Então, na prática, em nível nacional, o Incra é um órgão muito fraco e sem capacidade de intervenção. Isso também está objetivo em função do que o governo priorizou, que foi o agronegócio e a monocultura da agro-exportação. Investiu no que seria o oposto às nossas causas. Então, agora, se o governo quer mesmo atender a maioria da população com um novo projeto de desenvolvimento a reforma agrária é determinante. Então precisa reestruturar o Incra e se reestruturar para atender essa nova necessidade.