O FAROL entrevistou, neste último final de semana, o líder do Movimento Sem Terra (MST) em Pernambuco, que também é da direção nacional do movimento, Jaime Amorim. Ele esteve em Serra Talhada no último sábado (26), para festejar os 15 anos de resistência do assentamento MST, Virgulino Ferreira, localizado na barragem de Serrinha.

Amorim, que subiu no palanque do então candidato a prefeito – Luciano Duque – durante as eleições de 2012, teceu duras críticas à política agrária do PT. E disse que a gestão para os menos favorecidos do campo avançou pouco porque Lula e Dilma Rousseff preferiram apostar na expansão e desenvolvimento do agronegócio. Vale a pena conferir o bate papo!

FAROL – Serra Talhada dá a sua contribuição para fortalecer a luta em favor da reforma agrária no Brasil. O Movimento Sem Terra (MST) no município pode ficar tranquilo com as suas conquistas?

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Jaime Amorim – Serra Talhada é importante neste contexto, pois temos aqui como base principal o assentamento Virgulino Ferreira, em homenagem a toda esse luta histórica e cultural. Mas existe ainda muito o que fazer por aqui. Uma região como essa não pode mais conviver com o latifúndio atrasado e arcaico. Resolver o problema do latifúndio é resolver um problema histórico da questão agrária. E para um município como esse é fundamental corrigirmos isso. Serra Talhada acho que tem uma vocação para a pequena agricultura e para o desenvolvimento da agro-ecologia, e de uma produção menos agressiva do ponto de vista ambiental e também do ponto de vista produtivo.

FAROL – O senhor acredita que o MST recebeu o devido apoio do PT a frente do governo para o fortalecimento do ideal da reforma agrária?

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Jaime Amorim – Infelizmente essa é a frente que menos avançou nos governos Lula e Dilma. Mas há um compromisso nosso de continuar lutando e nós esperamos – a Dilma deve estar aqui em Pernambuco na semana que vem – e esperamos que ela assuma o compromisso de, principalmente, garantir que todos os grandes polos de irrigação sejam transformados em área de reforma agrária. Essa é a nossa grande batalha de hoje em diante junto ao governo federal.

FAROL – Então o MST tem enfrentado dificuldades para atuar plenamente no governo petista…

Jaime Amorim – O Governo Federal acabou desestruturando o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). Então, na prática, em nível nacional, o Incra é um órgão muito fraco e sem capacidade de intervenção. Isso também está objetivo em função do que o governo priorizou, que foi o agronegócio e a monocultura da agro-exportação. Investiu no que seria o oposto às nossas causas. Então, agora, se o governo quer mesmo atender a maioria da população com um novo projeto de desenvolvimento a reforma agrária é determinante. Então precisa reestruturar o Incra e se reestruturar para atender essa nova necessidade.