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Por Paulo César Gomes, especial para o Farol- Fotos: Alejandro Garcia

Francisco de Assis Ribeiro da Silva, de 53 anos, conhecido popularmente como Chico Caxixola, tem uma história de vida cheia de altos e baixos. O ex- agricultor, que sobreviveu durante anos fazendo redes de pescar, encontrou no mundo do futebol a sua grande chance de mudar de vida. Porém, ao contrário do que se imagina, ele não se tornou um craque dos gramados, mas um profissional que ganha à vida consertando bolas e chuteiras.

A vida de Chico Caxixola começou a mudar em 1999, quando ele estava desempregado e já tinha um filho pequeno em casa e sua esposa estava grávida. Foi em meio ao desespero de não ter o que dar a família que ele pediu a Deus que lhes mostra-se um caminho. “Não tinha emprego. Ai eu disse: Meu Deus me amostre um meio! Ai um dia estava jogando uma pelada e um cara que tava jogando do meu lado perdeu o solado da chuteira e gritou: quem coloca solado de chuteira! Ai disse: Eu! Mesmo sem nunca ter colocado eu arrisquei acabei aprendendo. Graças a Deus, hoje não falta um trocado. Antes quando trabalhava na roça era mais difícil”, relata Chico.

Ao longo desses 17 anos, Caxixola foi juntando dinheiro e hoje já possui uma casa própria. Por semana ele conserta de 20 a 30 chuteiras e de 50 a 60 bolas. Ele leva em média 25 minutos para colocar a sola de uma chuteira que chega há durar oito meses. O conserto de uma chuteira varia entre a R$ 15 e a R$ 35. Um dos grandes desafios da profissão do ex-agricultor são os constantes avanços tecnológicos do mercado esportivo, que entre outras coisas, já produz bolas sem costuras. No entanto, Chico Caxixola, como um bom empreendedor adverte os clientes sobre os perigos dessas novas bolas.

“Eu aviso logo a quem vai comprar. Se furar perdeu a bola. Tem umas bolas que vem boa. Têm outras que são tudo ruim, vem com a câmara de ar toda reciclada que não tem como colocar um remendo, e aí o camarada compra e quando fura fica no prejuízo”, explica Caxixola.

PROIBIÇÃO E FALTA DE APOIO NÃO SÃO OBSTÁCULOS PARA O TRABALHO SOCIAL

O ex-agricultor relata com tristeza o fim de um trabalho social que desenvolvia nas áreas do rio Pajéu, em um campo que ficava nas proximidades da ponte que dar acesso ao bairro da Caxixola. “A gente passou mais de 10 anos treinando uma turma de 50 meninos em um campo nas áreas do rio. A gente tirava o lixo dos arredores e mantinha tudo direito e ai veio um doutor e disse que era dono do terreno (leito do rio) e pediu pra gente não jogar mais ali”, desabafa Chico.

Mesmo diante da atitude arbitrária do suposto proprietário das áreas do rio Pajeú – área pública que pertence a União -, o rapaz não desistiu. Pouco tempo depois ele conseguiu com a autorização de Onquinha Novaes um terreno para construir um campo de várzea nas proximidades da linha férrea da Transnordestina e a 300 metros do CEU das Artes do bairro. Aliás, esse é um dos únicos campos de várzea existentes na área urbana de Serra Talhada, o outro é conhecido como o “voo da morte”, e fica no bairro da Borborema.

“Lá no nosso campo joga uns 60 meninos. Eu pego as chuteira abandonas pelos campos que a gente joga, conserto e dou aos que não tem com que jogar. Infelizmente falta apoio, por isso a gente faz um apelo a quem quiser ajudar com qualquer coisa que ligue para número (87) 9.9636-7578”, encerra Chico Caxixola. O homem que enfrentou as adversidades com coragem, busca na sua história um ingrediente a mais para semear esperança para adolescentes que vivem a margem da sociedade. Um forte abraço e um feliz dia dos pais para todos os faroleiros e faroleiras!

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